Instalações precárias e falta de técnicos especializados para preservá-las. Esse é geralmente o estado das coleções biológicas de crustáceos do Brasil, de acordo com a pesquisadora Georgina Buckup, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que participou do
7º Congresso Brasileiro sobre Crustáceos, realizado em Belém.
Entre 2011 e 2012, ela realizou o levantamento das coleções carcinológicas – como são chamadas as que se dedicam ao registro dos crustáceos – nas universidades, institutos de pesquisa e museus do país. Das 23 existentes, apenas cinco contam com recursos institucionais, apontou o estudo.
A precariedade não se restringe às instalações para abrigar as coleções, segundo a pesquisadora, mas, também, às verbas para mantê-las. “Elas reúnem informações sobre biodiversidade que são importantes para qualquer progresso”, destacou Georgina, argumentando que um desafio que se impõe é a formulação de políticas públicas de conservação desses registros.
A curadora da coleção carcinológica do Museu Nacional, atualmente vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cristiana Serejo, enfatizou que, além de se constituir na base primária para a pesquisa da diversidade biológica do planeta, esses registros reúnem dados importantes para subsidiar políticas públicas de impactos ambientais. Ela também reportou que atualmente as coleções passaram a contar com recursos da iniciativa privada.
Iniciativas governamentais
Os esforços empreendidos pelo governo federal para melhorar a infraestrutura e integrar as informações institucionais sobre biodiversidade, a partir das coleções biológicas, também foi assunto do congresso. Os cientistas destacaram a criação do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), criado em 2004, que tem no fortalecimento e na consolidação de coleções biológicas um de seus focos principais. Cristiana Serejo e o pesquisador Célio Magalhães, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), destacaram a importância do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira, que reúne informações sobre diversidade biológica e ecossistemas a partir de fontes nacionais e estrangeiras.
Porém, em suas intervenções os especialistas enfatizaram a necessidade de ampliar o investimento na infraestrutura e no desenvolvimento desses registros biológicos. “Não raro as coleções se perdem com a aposentadoria ou com a morte do curador, que não conta com o apoio institucional”, alertou o pesquisador Marcos Tavares, do Museu de Zoologia da USP.
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Texto: Antonio Fausto – Agência Museu Goeldi