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Operação Antártica mobiliza 200 pesquisadores e cinco navios
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Boia de pesquisa lançada pelo navio Almirante Maximiano. Foto: Divulgação/Inpe
09/11/2012 - 20:16
O governo brasileiro retoma neste mês os trabalhos na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), destruída por um incêndio em fevereiro. Em paralelo, nos próximos quatro meses, período do verão na região, representantes dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Meio Ambiente (MMA), da Marinha e da Força Aérea do Brasil (FAB) realizam a 31ª Operação Antártica (Operantar), que envolve 200 pesquisadores e cinco navios.   

Os participantes terão a missão de finalizar o desmonte das 700 toneladas de aço da base operacional, instalar os 29 módulos emergenciais provisórios e dar continuidade aos 19 projetos de pesquisa, coordenados pelo MCTI e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). A estação Comandante Ferraz ficava defronte à baía do Almirantado, na ilha Rei George.

“O Proantar vem promovendo a investigação científica de nível internacional na região sob jurisdição do Tratado da Antártica, garantido papel ativo do Brasil nas decisões sobre a gestão ambiental e o futuro político do continente e do oceano Austral”, ressaltou o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre.

Os navios envolvidos são: o de pesquisa polar Almirante Maximiano, que partiu do porto do Rio de Janeiro em outubro e na semana passada lançou boia de pesquisa em baía do arquipélago das Shetland do Sul; o de apoio oceanográfico Ary Rongel; o de socorro submarino Felinto Perry; o de apoio logístico Ara San Blas, da Marinha Argentina; e o mercante Germânia, contratado pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm) da Marinha para dar apoio ao desmonte da Estação Antártica Comandante Ferraz e à instalação dos módulos antárticos emergenciais.

“Após o incêndio, retiramos os materiais tóxicos e perecíveis, para não poluir o ambiente, e lacramos a Comandante Ferraz. Agora, após a definição desta operação, embarcaremos todos os equipamentos necessários para as três ações desta Operantar, faremos a limpeza da área e o reestabelecimento das comunicações”, explicou o contra-almirante da Marinha Marcos Silva Rodrigues, secretário da Secirm, em reunião na Câmara dos Deputados, dia 31 de outubro.

Representantes do MCTI, do MMA e da Marinha participaram da sessão, organizada pela Frente Parlamentar de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro para discutir os desafios para a manutenção das pesquisas do programa (Proantar, na sigla).

Os materiais já retirados da EACF foram transportados pela Marinha até sua base no Rio de Janeiro. Nesta operação, será implantado o Plano de Remoção de Escombros, em que a infraestrutura afetada pelo incêndio será removida. Já a limpeza da área será acompanhada por um estudo, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, sobre os impactos ambientais ocasionados.

Módulos emergenciais

Os módulos antárticos emergenciais (Maes) provisórios terão capacidade para abrigar cerca de 70 pessoas, que contarão com dormitórios, banheiros, refeitórios, cozinha, laboratórios, enfermaria e geradores, além de estações de tratamento de esgoto e área de armazenamento de resíduos sólidos.

Eles têm parede externa composta por PVC, que resiste à ação de raios ultravioleta, e podem suportar ventos de até 200 quilômetros por hora. Ficarão no heliponto da base brasileira situada na ilha Rei George.

Os módulos serão instalados na ilha e ficarão ativos até a reconstrução total da estação previsto para ter início na próxima Operantar, entre novembro de 2013 e março de 2014. A localização definida para a instalação contempla a proximidade da Estação Comandante Ferraz, com objetivo de facilitar o desmonte a ser executado por 76 militares da Marinha.

Já os pesquisadores brasileiros serão instalados no navio Almirante Maximiniano, responsável por abrigar grande parte dos laboratórios que serão aproveitados nesta edição da operação; nos refúgios (denominação utilizada para os abrigos dos pesquisadores em localidades distantes da estação); na Estação Antártica Escudero, do Chile, localizada na ilha Rei George; e na Base Militar Cámara, da Argentina, localizada na ilha Media Luna.

O Chile, a Polônia e a Argentina já haviam colaborado com o Brasil, no auxílio emergencial durante o incêndio em fevereiro, cedendo espaço para abrigo de pesquisadores e de parcela do chamado grupo-base, constituído pelos militares da Marinha, responsáveis pela manutenção e pelo apoio logístico do programa antártico.

A Força Aérea Brasileira será responsável pelos dez voos que farão o transporte de pessoal e materiais, em aviões C-130.

Retomada

“No total, 16% das pesquisas desenvolvidas no continente foram afetadas diretamente pelo incêndio na estação. Mas os danos não acarretaram na perda total dos dados de nenhum projeto. Vale ressaltar que são 30 anos de trabalhos científicos ininterruptos”, afirma a coordenadora-geral para Mar e Antártica da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped/MCTI), Janice Trotte.

Ela lembra que foi reforçada a parceria entre os ministérios para possibilitar, no menor prazo possível, a retomada dos trabalhos de reconstrução da EACF e a ampliação das pesquisas do país no continente. Na segunda-feira (5), por exemplo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) recuperou informações armazenadas em seu módulo meteorológico

Janice destaca, ainda, que o Proantar apoia pesquisas científicas e multidisciplinares de excelência, com a intenção de facilitar a compreensão das mudanças climáticas, dos fenômenos naturais, suas evoluções, inter-relações globais e implicações para a América do Sul e, sobretudo, Brasil. “Temos total interesse em continuar ativos e ampliar o número de pesquisas desenvolvidas no continente, além de manter os trabalhos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia [INCT], Antártico de Pesquisas Ambientais e do INCT Criosfera. Essas iniciativas sinalizam positivamente sobre nossa intenção”, afirma.

Segundo o contra-almirante Silva Rodrigues, esta é a maior Operantar em termos de logística, e ela tomou proporção ainda maior devido ao acidente de fevereiro. “Estamos claramente em um momento de consolidação de nossa presença no continente, o que nos permite planejar o futuro”, comenta.

No evento na Câmara, no fim de outubro, o comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, lembrou o sentimento geral dos militares após o acidente e enfatizou qual é o plano do governo brasileiro para a região polar. “No momento do incêndio ficou ainda mais claro que deveríamos garantir a continuidade da presença do Brasil no continente”, lembrou. “O que garante o futuro da Antártica são as pesquisas, que não irão terminar por conta da fatalidade ocorrida.”

Pesquisas

Segundo Janice, os temas multidisciplinares que serão abordados durante as pesquisas na Operantar 31 são: mudanças globais e conexões com a América do Sul; ecossistemas, biodiversidade e impactos antrópicos; mudanças climáticas passadas, atuais e futuras; evolução e ecologia; observação e modelagem do oceano, atmosfera e criosfera; e modelagem da dinâmica do gelo e ambientes de subgelo.

Por conta do incêndio, o MCTI investiu R$ 4,3 milhões para repor os equipamentos perdidos, como determinou o ministro Marco Antonio Raupp em reunião emergencial no dia 1º de março. Desta forma, os 19 projetos serão desenvolvidos de forma plena, o que inclui iniciativas que têm como países parceiros Chile, Uruguai e Argentina, Equador, Peru, Espanha e Polônia, entre outros.

O Proantar completou 30 anos em janeiro. Para o comandante Moura Neto, o fato reafirma o compromisso da Marinha em mobilizar toda a sua capacidade operacional e logística para manter ininterruptas as pesquisas e a presença do Brasil na Antártica.

Durante a 23ª Reunião de Administradores de Programas Antárticos Latino-Americanos (Rapal), em setembro, os países integrantes da iniciativa se colocaram à disposição para dar apoio aos pesquisadores durante a Operantar, em caso de necessidade.

Entre as instituições de ensino e pesquisa que participam desta edição, incluem-se: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Universidade Federal Fluminense (UFF); Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM); Instituto Oceanográfico – Universidade de São Paulo (USP/IO); Instituto de Química – Universidade de São Paulo (IQ/USP); Universidade Federal do Rio Grande (Furg); Centro Polar e Climático – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal do Pampa (Unipampa); Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos); Universidade Federal do Paraná (UFPR); e Universidade Federal de Viçosa (UFV).

 

Texto: Ricardo Abel – Ascom do MCTI

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