Estande da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal. Foto: Augusto Coelho/Ascom do MCTI
Papelão, pedaços de cano, sacos de cimento e restos de madeira se transformam em vasos decorativos, flores ornamentais e brinquedos no estande da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop) na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Brasília. O espaço, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade (ExpoBrasília), foi dividido em um centro de triagem de reciclagem e numa sala para oficinas de artesanato.
Parte do material separado no centro de triagem e passível de ser reaproveitado é utilizado na produção dos objetos artesanais. O restante é acondicionado para ser encaminhado a empresas de reciclagem. O projeto é desenvolvido em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB).
A iniciativa se enquadra no conceito de Cidade Sustentável da semana de Brasília e da temática do evento nacional, coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Oficinas
O estande da Centcoop na SNCT no ExpoBrasília pode ser visitado até domingo, dia 21. Orientado pelas próprias catadoras, o público pode participar das oficinas e confeccionar flores ou, ainda, o bilboquê (brinquedo que consiste em uma esfera de madeira, com um orifício central, presa por uma corda numa espécie de suporte).
“A gente tem tido uma receptividade muito boa no evento”, afirmou Aliomar Oliveira, presidente da Associação de Trabalho dos Recicladores, Desenvolvimento Agrícola e Ambientalista de Santa Maria (Astradasm), entidade que funciona na cidade de Santa Maria (região administrativa do DF), onde atuam 65 catadores nos trabalhos de coleta e artesanato.
Conscientização
Participam das atividades na SNCT sete catadoras de diferentes cooperativas do Distrito Federal. Segundo Aliomar, que atua há 18 anos como catadora, a participação em eventos como a Semana é uma nova realidade que surgiu a partir da maior conscientização ambiental da sociedade e da integração dos trabalhadores da área.
“Antes de sermos da Centcoop, a luta era individual, cada um por si. Hoje somos organizados e temos a consciência do nosso papel na sociedade. Conhecemos os nossos direitos e corremos atrás deles”, disse.
A maior conscientização e o reconhecimento da importância da profissão trouxeram também retorno financeiro. “Hoje tenho minha casa própria, meu carro, meus quatro filhos estudam e vivem muito bem”, acrescentou Lúcia Nascimento, da Cooperativa de Materiais Recicláveis da Cidade Estrutural.
Reconhecimento
Para a catadora Maria de Socorro de Souza, da Associação de Catadores de Papéis do Plano Piloto (Acoplano), há 30 anos neste segmento, uma das maiores mudanças verificadas, nos últimos dez anos, foi em relação ao preconceito da sociedade.
“Antes tinha mais preconceito. As pessoas nos conheciam como catadoras de lixo, mas hoje somos coletoras de recicláveis”, concluiu. “É verdade! Aqui [na semana], por exemplo, as crianças perguntam sobre o nosso trabalho e ficam curiosas; outros nos parabenizam”, concordou a catadora Lúcia Nascimento.
Mas para as catadoras, apesar do reconhecimento, a população ainda não compreendeu muito bem a importância da coleta seletiva. “Consciência do que é lixo molhado e lixo seco e que separar esse material antes facilita o nosso trabalho e evita acidentes e a contaminação. A luta é grande, mas esperamos que um dia a coleta seletiva seja finalmente implantada”, ressaltou Maria do Socorro.
Texto: Denise Coelho – Ascom do MCTI
Visite o site da SNCT 2012
Acesse a galeria de fotos da SNCT 2012