A inovação depende fundamentalmente do trabalho em equipe – na empresa, na universidade ou no centro de pesquisa. O pesquisador Marco Antonio Silveira, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI), defendeu a ideia nesta quinta-feira (18), no seminário Pesquisa e Inovação para Melhores Condições de Trabalho e Emprego, organizado pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), como evento da 9º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Distrito Federal.

“Temos uma visão errada de que inovação é tarefa para iluminados, de preferência doutores, mas devemos nos lembrar do modelo que tirou o Japão do fundo do poço, com base na mobilização da força de trabalho, para promover um conjunto de pequenos avanços, que, ao se somar, se constituam em inovações maiores”, disse Silveira. “O trabalho colaborativo é extremamente mais efetivo e permite soluções mais adequadas à realidade.”

Coordenador-geral do projeto Gaia  Grupo de Apoio à Inovação e Aprendizagem em Sistemas Organizacionais) – iniciativa do próprio CTI –, o pesquisador ressaltou o papel da gestão participativa na área de saúde e segurança no trabalho. “Notemos que é o trabalhador que está lá no dia a dia, no seu posto, com mais condições de perceber quais são as necessidades e os fatores ergonômicos, físicos e cognitivos que podem e devem ser trabalhados, para que a inovação seja direcionada nesse sentido”, sustentou.

De acordo com o presidente da Fundacentro, Eduardo Costa, inserir a inovação na agenda do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – pasta à qual a fundação é vinculada – pode contribuir para a competitividade da indústria brasileira. “Ou seja, nós podemos, através da inovação, voltada para a saúde e a segurança no trabalho, ir além de diminuir os gastos governamentais decorrentes de acidentes de trabalho, cujo custo anual para o governo federal chega a R$ 55 bilhões, sem contar o que estados e municípios pagam.”

O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Jorge Guimarães, alertou para a necessidade de “preparar as mentes” para inovação desde cedo. “Na verdade, isso começa na pré-escola”, afirmou. “É aí que a gente desenvolve os futuros inovadores e, nesse particular, nós estamos muito longe de ter um padrão necessário, apesar dos fantásticos avanços recentes.”

No campo do trabalho, Guimarães citou que o programa Ciência sem Fronteiras promove estágios em empresas durante a estadia dos bolsistas no exterior, além de envolver os institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que têm formação de perfil tecnólogo.

Também formaram a mesa o secretário executivo do MTE, Marcelo Aguiar, o diretor da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), Bastiaan Reydon, e o pesquisador Silvio Valle Moreira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

MTE na SNCT

Coordenador do debate, Aguiar mencionou um dos protótipos disponíveis no estande da Fundacentro na SNCT/DF. “Há uma máquina de costura que parece um objeto simples, mas carrega inovações que permitem a melhoria das condições de trabalho das profissionais”, disse. “A preocupação com a saúde e a segurança no trabalho e a utilização das inovações nesse processo podem criar ganhos de produtividade, não só benefícios para o trabalhador.”

Além do exemplo da indústria do vestuário, o estande expõe um modelo ergonômico para casas de farinha de mandioca, equipamentos de segurança e um programa de computador para monitorar sobrecargas térmicas. Um palco instalado no local possibilita concertos em cordel sobre segurança no trabalho.

Iniciado na quarta-feira (17), o seminário segue até esta sexta-feira (19), com a mesa Observatório sobre o Mundo do Trabalho, às 9h, no auditório Tecnologia, montado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade (ExpoBrasília).

 

Texto: Rodrigo PdGuerra - Ascom do MCTi