O secretário Thomas Stelzer na SNCT, em Brasília. Foto: Augusto Coelho/Ascom do MCTI
Programas sociais como o Bolsa Família deveriam ser levados a outras regiões do planeta. A avaliação é do secretário-assistente de Coordenação Política e Assuntos Interagenciais da Organização das Nações Unidas, Thomas Stelzer. Ele destaca que, enquanto no mundo a distribuição de renda só piora nos últimos 15 anos, o país conseguiu reduzir o fosso entre ricos e pobres com políticas de distribuição de renda.
“No período, a riqueza global cresceu 15%, mas sua distribuição ficou muito mais elitista”, diz o economista e diplomata austríaco, que participa nesta terça-feira (16), em Brasília, da abertura da 9ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2012), que tem como tema “Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza”.
“Com programas muito focados, o Brasil beneficiou 14 milhões de pessoas [por ano] diretamente e a um custo muito baixo. Essas iniciativas obviamente dão frutos, têm efeitos multiplicadores. São milhões de famílias que, pela primeira vez na história, têm mais dinheiro do que precisam para sobreviver e que, ao comprar, fazem a economia se expandir.” Stelzer conclui que o Bolsa Família “é definitivamente algo que eu aconselharia outros países a implementar”.
Recursos hídricos é outro assunto tratado com ênfase pelo representante das Nações Unidas. Ele avalia que a água é um dos aspectos mais críticos no “quebra-cabeça” do desenvolvimento sustentável, e diz que, se o uso persistir nos moldes de hoje, a demanda será 40% maior que a oferta em 2030. “O número de pessoas que não têm acesso adequado a água no Nordeste mostra claramente o que nos espera.”
“Continuamos a usar água potável para lavar carros”, critica Stelzer. Ele lembra que a meta de um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – do sétimo deles, garantir a sustentabilidade ambiental – é reduzir pela metade a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura e esgotamento sanitário.
Horizonte
“No caso do acesso a água, a meta já foi atingida. Mas, se falarmos em água limpa, ainda teremos que alcançá-la”, diz. “Quanto ao saneamento, estamos muito longe da meta. Há hoje 2,5 bilhões de pessoas no planeta sem esse direito contemplado.” O secretário alerta para o prazo estipulado para o cumprimento dos metas: “Faltam três anos e três meses.”
Em 2013, a ONU promoverá o Ano Internacional da Cooperação pela Água, com uma série de atividades para difundir a importância da conservação dos recursos hídricos e promover a ampliação do acesso a eles.
Thomas Stelzer lembra problemas associados ao mau uso desse bem natural finito: doenças, mortalidade infantil, prejuízos à agricultura, riscos à segurança alimentar e guerras. “Na África há muitos enfrentamentos em torno do controle da água. O conflito no Oriente Médio também tem a ver com água”, exemplifica. “No Sudeste Asiático, os rios estão sem forças para barrar a força das marés. Com isso, a água salgada sobe e saliniza os arrozais.”
Sobre a SNCT
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia foi instituída em 2004, por decreto presidencial, para mobilizar a população, principalmente os jovens e as crianças, em torno de temas e atividades da área, valorizando a criatividade, a atitude científica e a inovação. A coordenação nacional é de responsabilidade do MCTI, por meio do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia da Secis e das coordenações locais.
Confira no site da SNCT as atividades cadastradas.
Texto: Pedro Biondi – Ascom do MCTI