O presidente do ICE, Riccardo Monti, durante a reunião no MCTI. Foto: Giba/Ascom do MCTI
Unidos por laços culturais e familiares, Brasil e Itália estão dispostos a reforçar o grau de cooperação industrial, em paralelo ao avanço do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que já enviou 521 estudantes ao país europeu. A busca por mais colaboração recíproca pautou a visita de uma delegação empresarial ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) nesta quarta-feira (19).
O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Alvaro Prata, mencionou a presença de 716 empresas italianas no Brasil, com geração de 130 mil empregos diretos e 500 mil indiretos – segundo dados da Embaixada da Itália em Brasília. “Sem dúvida, temos uma longa tradição de parcerias comerciais, econômicas e tecnológicas”, disse. “Espero que essas empresas possam estabelecer aqui atividade de pesquisa e desenvolvimento.”
“Claro que uma grande preocupação nacional também é o fortalecimento da nossa indústria, mas temos convicção de que o nosso crescimento será sobretudo a partir das grandes parcerias”, avaliou Prata. “Admiramos muito a tecnologia italiana e queremos nos beneficiar da experiência de vocês.”
Para o presidente do Istituto Nazionale per il Commercio Estero (ICE, Instituto Nacional de Comércio Exterior), Riccardo Monti, a cooperação industrial entre os dois países precisa mudar de patamar. “Itália e Brasil agora trocam de marcha depois de anos sem avanços nas relações”, afirmou. “E o papel da pesquisa é central nessa transformação.”
Uma das frentes da parceria envolve o meio ambiente, de acordo com o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre. “Tivemos dois encontros no ano passado com representantes da Universidade de Bolonha e estamos em estágio avançado de um acordo de cooperação científica entre o MCTI e o ministério italiano do ambiente, em várias áreas, principalmente mudanças climáticas, oceanografia e uso de supercomputação no entendimento das grandes questões ambientais”, disse.
Ciência sem Fronteiras
Em novembro de 2011, foi assinada parceria de 14 instituições italianas com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), a fim de estabelecer uma rede de intercâmbio de estudantes e pesquisadores. Desde então, 521 alunos brasileiros embarcaram para o país.
“Isso nos alegra muito e a expectativa é que esses convênios possam cada vez mais aumentar”, afirmou Prata. “Para nós, o melhor dos mundos é que esses estudantes iniciem [sua trajetória] nessas importantes universidades italianas, mas que também, durante sua temporada na Europa, possam usufruir da oportunidade de passar um período estagiando em grandes empresas de lá.”
A rede inclui o Consiglio Nazionale delle Ricerche (Conselho Nacional de Pesquisa), 11 universidades e os centros de pesquisa Biogem e Telecom Italia. “Esperamos nos próximos anos um fluxo muito ativo de estudantes, pesquisadores e professores”, disse Monti.
Para o coordenador-geral do Ciência sem Fronteiras no CNPq, Márcio Ramos, a possibilidade de parceria com núcleos vinculados a empresas é um dos aspectos mais positivos da iniciativa. “Essa combinação de estudo com estágio tecnológico é o que dá o diferencial para esse programa”, afirmou. “As empresas podem oferecer financiamento de bolsas de estudo, pagamento de taxas escolares ou facilidades em receber estudantes em seus centros tecnológicos no exterior.” A chefe da Assessoria Internacional do MCTI, embaixadora Carmen Moura, também participou do encontro de hoje.
Em 5 de outubro, a embaixada brasileira na Itália organiza um seminário no palácio Pamphilj, em Roma, sobre o impacto do CsF no campo da inovação. Ao evento, devem comparecer especialistas brasileiros, italianos e de outros países europeus, além de bolsistas do programa.
Texto: Rodrigo PdeGuerra – Ascom do MCTI