A movimentação e o uso do ambiente por subadultos da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa) na Reserva Biológica do Rio Trombetas (Rebio Trombetas), no Pará, foi o objeto de estudo da recém-intitulada mestre Michele Marques de Souza, orientada pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Richard Vogt e coorientada por professor e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Ronis da Silveira. Subadulto é o estágio de desenvolvimento entre jovem e adulto.
O trabalho de mestrado foi desenvolvido dentro do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG – Badpi), do Inpa, e teve grande parte dos seus custos financiados pelo Projeto Tartarugas da Amazônia – Conservando Para o Futuro, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.
Segundo Michele Souza, ainda há relativamente poucos estudos sobre a movimentação de quelônios na Amazônia, mas um trabalho pioneiro de Richard Vogt, também coordenador do projeto Tartarugas da Amazônia, na Rebio Trombetas mostrou que as fêmeas de P. expansa podem se deslocar até 45 quilômetros em apenas dois dias após o período de desova, quando vão em busca de áreas de igapós para se alimentarem.
A tartaruga-da-amazônia é o maior quelônio de água doce da América do Sul e se distribui amplamente em países como Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, além do norte brasileiro. Mas hoje se encontra classificada como criticamente ameaçada de extinção devido à captura desordenada.
Influência do rio Michele Souza destaca a influência da variação no nível da água do rio Trombetas sobre o deslocamento dos indivíduos monitorados. “Durante o período da cheia os quelônios migram para lagos e áreas de igapó”, explica. “No período da seca, os indivíduos se concentram em lagos e próximo às praias, no curso principal do rio, que as fêmeas adultas de Podocnemis expansa e outros quelônios da família Podocnemididae também usam para desovar. Quanto maior o nível da água, menos os subadultos se locomovem.” Segundo a pesquisadora, a constatação é contrária ao esperado.
Leia mais. Texto: Wallace Abreu – Ascom do Projeto Tartarugas da Amazônia