O pesquisador Ronaldo de Almeida. Foto: Zé Luiz Cavalcanti/Ascom do MCTI
26/07/2012 - 19:28
“A experiência foi impressionante. Eu nunca ia imaginar que uma garrafa pet, spray de desodorante e isqueiro, juntos, iriam se transformar num foguete”, descreve a maranhense Inayara Lima Gomes, 23 anos, que visita a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) pela primeira vez. A experiência é uma iniciativa do pesquisador Ronaldo de Almeida e pode ser vista até esta sexta-feira (27), no estande do Museu de Astronomia de Ciências Afins (Mast/MCTI), no Espaço do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Inayara conta que ficou curiosa sobre o processo de produção e como o inventor teve a ideia. A mudança do comportamento individual e o aproveitamento comercial dos materiais recicláveis também foram abordados por conta do lançamento. “Normalmente jogamos fora uma garrafa plástica sem conteúdo. Isso traz também reflexões sobre economia, porque uma pet descartável pode ser aproveitada pelas empresas para compor um produto inovador ou ter outras funções”, comenta a visitante. “Não podemos conceber inovações tecnológicas sem considerar o ecossistema, não adianta investir nesta área sem pensar no nosso ambiente.”
Fabiano Santana, 27 anos, foi outro visitante que destacou o aspecto da curiosidade, durante sua primeira visita a SBPC. “Foi muito interessante acompanhar esta experiência, a expectativa é maior agora, porque acabei de chegar e como é a primeira vez que estou na SBPC fico muito curioso em saber como esse foguete foi produzido, como saiu do ponto de partida e chegou até o destino final, e quais são as substâncias utilizadas para ter a propulsão necessária para completar o percurso”.
Ciência e brincadeira
O foguete faz parte do projeto Brincando com a Ciência, criado há 27 anos. O projeto é descrito por Ronaldo de Almeida, seu idealizador, como uma oportunidade para reunir a família em atividades diferenciadas, e que também pode ser reproduzida nas escolas com amigos. “Esse tipo de experiência tem como objetivo divulgar a ciência de forma interativa, utilizando materiais domésticos, ensinando ainda a utilizá-los de forma mais responsável”, diz.
O pesquisador do Mast conta que o processo de criação do projeto teve início ainda durante sua infância, quando começou a ter interesse por ciência. “Ele leva o usuário a pilotar sua própria experiência. Particularmente, eu fazia isso quando tinha 15 anos, estudando livros na escola que me conduziam ao conhecimento sobre a produção, depois reproduzia em minha casa.” Para fazer o lançamento do foguete, ele espirra desodorante dentro da garrafa, pendurada numa linha, e acende o isqueiro, provocando a queima do combustível caseiro. Ocorre uma explosão que propulsiona a “nave”.
“Este é um tipo de ciência que se aprende de forma agradável, sempre apoiado na curiosidade, desarmando conceitos já formados”, avalia Almeida. “Quando há uma produção doméstica, você fica sujeito a dar errado e isso leva a pessoa a refletir sobre o caso e se expor ao aprendizado. A função do Brincando com a Ciência é abrir o apetite para o tema, uma vez que a pessoa, se estiver motivada, vai procurar meios de conhecer mais.”
Texto: Ricardo Abel – Ascom do MCTI