No debate sobre a sustentabilidade, é impossível ignorar a contribuição dos povos indígenas brasileiros. Além de notáveis botânicos, com vastos conhecimentos de fitoterápicos, eles orientam suas vidas, práticas e até mesmo mitologias ao redor dos astros. O astrônomo Germano Afonso, do Museu de Astronomia de Manaus, defende que é hora de o Brasil usar o conhecimento dos índios nas práticas sustentáveis. Ele dá palestra sobre o tema nesta terça-feira (19), na Arena de Debates, às 10h, no Espaço Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável.
“Quando você quer construir uma casa de bambu, melhor cortar na lua nova”, explica Afonso. “Na lua cheia, os insetos ficam mais ativos e atacam mais o bambu. Esse é um conhecimento que o homem branco não sabe. Os indígenas sabiam, talvez até antes de Galileu, que a lua se relacionava com as marés. É um conhecimento que as pessoas não sabem, mas queremos inserir no ensino da ciência”.
A pesquisa de Germano Afonso acontece em campo, entre diversos povos, mas se concentrando nos do tronco Tupi-Guarani. “Eu converso com os pajés e com os membros mais velhos da tribo e eles me ensinam”, diz o astrônomo. “É um conhecimento que está se perdendo entre os mais novos, por isso eu aprendo, escrevo uma cartilha em português e guarani, por exemplo, e eles transmitem os conhecimentos em suas escolas.”
Depois da palestra, o astrônomo guiará os visitantes para o planetário montado pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast/MCTI), para mostrar constelações observadas e catalogadas pelos índios, nomeadas, em geral, com animais da fauna local.
Acompanhe a participação do MCTI na Rio+20. Texto: Gerhard Brêda – Ascom do MCTI