Edição Informe Setec 03/2011 • Brasília,  06 de abril de 2011

Brasil e Alemanha fortalecem cooperação bilateral

Durante o evento de encerramento do Ano Brasil-Alemanha, nesta segunda-feira (4), paralelo à Feira Industrial de Hannover, Alemanha, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante e a ministra alemã de Educação e Pesquisa, Annette Schavan, assinaram uma declaração conjunta sobre o Ano e manifestaram intenção de estabelecer um programa bilateral na área científica e tecnológica.

A declaração ressalta que o Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação 2010/2011 contribuiu para destacar, de forma marcante, os resultados obtidos da histórica cooperação em ciência, tecnologia e inovação entre a Alemanha e o Brasil, assim como proporcionou novos impulsos às relações bilaterais neste campo.

O Ano fortaleceu a cooperação bilateral em pesquisa e educação, com especial ênfase na promoção da inovação e do desenvolvimento sustentável. Estão em andamento mais de 100 projetos conjuntos, em áreas como nanotecnologia e biotecnologia, geociências, ciências sociais e humanidades, tecnologia industrial, tecnologia da informação e das comunicações (TIC), engenharia da produção e pesquisas nas áreas: espacial, de saúde, meio-ambiente, energia e ciências do mar.

O Ano Brasil-Alemanha da C,T&I também intensificou de forma significativa a cooperação entre instituições de ensino superior e o intercâmbio de estudantes e pesquisadores entre os dois países.

Na declaração, o Brasil e a Alemanha manifestam sua intenção de estabelecer um programa bilateral para o fomento à pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. O programa deverá promover e fomentar de maneira continuada a cooperação entre o Brasil e a Alemanha, preferencialmente, em ciência aplicada e inovação tecnológica; sendo financiado em partes iguais pelos dois países.

Ambos os governos manifestaram a satisfação pela apresentação, no Brasil, em 2012/2013, da Exposição "Túnel da Ciência", na intenção de contribuir para a educação e para a difusão e popularização da ciência no País.

A parceria resultou ainda na realização da exposição "Olho do Céu". A mostra é composta por 30 grandes imagens de satélite de várias paisagens da Terra feitas por satélite do Centro Aeroespacial Alemão. A exposição, que passou por Porto Alegre e pelo Rio Janeiro, está na Biblioteca Nacional, em Brasília, onde poderá ser conferida pelo público até o dia 18 de abril.

Agenda

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, cumpre uma extensa agenda na Alemanha. Hoje (5), além da abertura do fórum empresarial Business Forum Brazil, ele participa de um fórum de nanotecnologia.

De Hannover, o ministro segue para Hamburgo onde amanhã (6), visitará o Instituto Desy (sigla em alemão para Deutsches Elektronen-Synchrotron), o instituto de física da Sociedade Helmholtz, quando será avaliada a possibilidade de cooperação com o Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS/MCT), de Campinas (SP).

Também está prevista uma visita ao European XFEL, uma instalação de pesquisa, atualmente em construção, que irá gerar flashes de raios-X extremamente intensos, para ser usada por pesquisadores de todo o mundo.

Brasil será sede da 12ª Reunião Bienal da Rede de Popularização da C&T

A 12ª Reunião Bienal da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia da América Latina e do Caribe (Red-Pop) ocorre no Brasil de 29 de maio a 2 de junho. Organizado pelo Museu Exploratório de Ciências (MC), da Universidade Estadual de Campinas, o encontro tem como tema "A profissionalização do trabalho de divulgação científica", recebendo tanto trabalhos de pesquisa, de caráter acadêmico, quanto de profissionais da área, interessados em relatar suas experiências.

Cinco eixos temáticos vão nortear a 12ª Reunião:Educação não-formal em ciências; Jornalismo científico; Programas e materiais para museus de ciências: materiais e práticas concretas; Museografia e museologia científica; Público, impacto e avaliação dos programas. Dentro dos eixos temáticos, os interessados deverão adequar os trabalhos às modalidades: Comunicação Oral (15 minutos); Pôster Digital (4 minutos), Oficinas práticas (2 horas) e Mini-cursos (3 horas).

Durante a 12ª Reunião haverá conferências plenárias, mini-cursos, oficinas, sessões orais e visitas técnicas a centros e museus de ciências, em São Paulo. Na ocasião, os participantes receberão o Caderno de Resumos dos trabalhos selecionados e um livro eletrônico com os Anais do Congresso. Além disso, o Museu Exploratório premiará os vencedores do Concurso Latino Americano e Caribenho de Vídeo Minuto Científico, cujas produções, no âmbito da divulgação científica, irão falar de transformação.

Sobre a Red-Pop

A Red-Pop é uma rede interativa que reúne instituições e programas de popularização da ciência e tecnologia na América Latina e no Caribe. A rede opera através de mecanismos regionais de cooperação, promovendo o intercâmbio, a formação e a utilização de recursos entre seus membros. Atualmente, a instituição possui mais de 70 membros, em 12 países da região.

A 12ª Reunião é destinada a profissionais e pesquisadores acadêmicos, atuantes em divulgação e popularização científica. O objetivo é propiciar a troca de experiências e de resultados práticos entre os participantes. Além de divulgar pesquisas relevantes do setor, propor reflexões e inovações, e expor problemáticas relacionadas à área.

Governo vai investir R$ 1 bilhão em biotecnologia

O governo decidiu investir forte na indústria brasileira de biomassa. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) vão destinar R$ 1 bilhão, até 2014, a inovações na área. O anúncio animou pesquisadores da Universidade de Brasília que estão a frente do projeto de implantação do Centro de Biotecnologia do campus. Eles apontam o investimento como fundamental para estimular uma indústria que ainda engatinha no Brasil e no mundo, mas onde há enorme diversidade em pesquisas.
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O aproveitamento da biomassa, sobra da cana de açúcar que resulta da produção de etanol, poderia dobrar o volume de geração desse combustível.

Para o professor de Agronomia da UnB, Luiz Vicente Gentil, o financiamento é estratégico para o país. "O Brasil já é imbatível no etanol de primeira geração", diz. "Já temos pesquisas no setor, mas precisamos transformá-las em produtos", defende Marcos Buckeridge, diretor científico do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, em Campinas, e um dos maiores especialistas no tema. Ele acredita que o financimento poderá ajudar a consolidar a liderança do Brasil no setor.

Além de estimular a indústria da biomassa, o financiamento envolve uma das áreas estratégicas de pesquisa do Centro de Biotecnologia: a de biocombustíveis. Segundo a professora Lídia de Moraes, do Departamento de Biologia Celular da UnB, o financiamento pode trazer benefícios importantes para a UnB ao incentivar um mercado de grande potencial e exatamente em um setor onde a produção científica da UnB pretende ser de excelência. "Com o financiamento, é natural que as empresas recorram às universidades para aumentar a produtividade e é exatamente essa a proposta do Centro de Biotecnologia", afirma.

Lígia explica que a idéia do futuro parque tecnológico é gerar produtos em grande escala, fazendo uma ligação entre a pesquisa e o mercado. O edital da obra está previsto para maio deste ano, segundo o diretor do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer da UnB (Ceplan), Alberto de Faria. Para a construção, serão destinados R$ 8 milhões.

BAGAÇO - A iniciativa do BNDES e da Finep tem como propósito aumentar o desenvolvimento e a produção de etanol de segunda geração, aquele obtido a partir do bagaço da cana-de-açucar. O Brasil tem 440 usinas de cana e é o segundo maior produtor de álcool, atrás dos Estados Unidos, mas ainda engatinha quando se fala em produção de etanol celulósico.

Atualmente a quebra da celulose – que constitui 40% do bagaço da cana - ainda tem um rendimento pequeno, de 20%. "O problema é que as enzimas usadas ainda não conseguem quebrar a celulose totalmente para que vire álcool", explica a professora Lídia de Moraes.

Ela enfatiza que a hemicelulose, outro polímero do bagaço, não atrai as leveduras e que todo o processo é tratado como uma corrida científica. "É uma formula mágica que todo mundo quer descobrir", diz.

Cada tonelada de cana gera 280 quilos de bagaço, que hoje é usado basicamente para produzir energia elétrica e adubo. A transformação em mais etanol criaria um novo paradigma para um setor que atualmente sofre com a escassez. "As guerras no Oriente Médio e a crise da energia nuclear só contribuem para aumentar essa demanda", acredita a professora Lídia. Ela defende que estamos perto do limite de produção e de plantio, por isso é necessário buscar novas tecnologias para aumentar a produtividade.

Segundo o estudo de 2009, "A corrida tecnológica pelos biocombustíveis de segunda geração: uma perspectiva comparada", do BNDES, a tecnologia industrial de produção de etanol no Brasil está próxima de seus limites teóricos. Por isso usar etanol de segunda geração iria impedir que mais terras fossem utilizadas e aumentaria a matriz energética do País.

O professor Fernando Araripe, do instituto de Biologia diz que o Brasil está um pouco atrasado, sobretudo na produção de enzimas. "A gente não produz enzimas em escala industrial", diz. Por isso, destaca ele, é importante que o aporte de R$ 1 bilhão seja investido de maneira correta.

No Brasil há duas plantas-piloto da Petrobrás para conversão de biomassa em etanol por meio da hidrólise enzimática. Este tipo de álcool é obtido na quebra da celulose do bagaço da cana e ainda necessita de estudos para se tornar viável comercialmente. Há 20 anos são feitas pesquisas para se chegar a uma quebra total, o que poderia fazer dobrar a produção de álcool no Brasil.

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