Mais uma vez o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCT), de Petrópolis (RJ), marca presença na Reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC), que este ano chega a 62ª edição. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, os mais diferentes projetos desenvolvidos pela equipe de 55 pesquisadores da instituição ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) serão apresentados na Exposição de Ciência (ExpoT&C), coordenada pelo LNCC.
Entre as atividades a serem expostas, está o projeto Realidade Virtual, do Laboratório de Ambientes Colaborativos e Multimídia Aplicada (Acima). Quem apresenta os trabalhos é o mestrando Marlan Kulberg. Há sete meses no projeto coordenado pelo pesquisador Jauvane de Oliveira, ele concedeu entrevista para explicar como funciona a Realidade Virtual e também esclarecer a importância da RV para a ciência brasileira.
Kulberg é formado em Tecnologia da Informação e Comunicação pelo Instituto Superior de Tecnologia em Ciências da Computação de Petrópolis (IST).
1) Como funciona o projeto a ser apresentado na ExpoT&C?
Marlan - A realidade virtual trata de projeções de objetos virtuais em ambiente composto por três dimensões, é o que chamamos de 3D. Este proporciona ao usuário a sensação de imersão, já que é possível a percepção de aproximação e profundidade das imagens, inclusive por meio de diferentes ângulos. É como se a imagem fosse, de fato, um objeto palpável. Geralmente, a transmissão dessas imagens ocorre em ambientes virtuais conhecidos como cave (caverna em Inglês), mas é complicado configurar estes ambientes, fixos de um modo geral. Na ExpoT&C vamos utilizar forma mais portátil de exibirmos a imagem em 3D.
2) Por que é tão importante hoje investir em pesquisas de realidade virtual? De que forma tais atividades contribuem para a ciência evoluir ainda mais no Brasil?
Marlan - As pesquisas de RV beneficiam várias áreas, desde a militar até a médica. Elas proporcionam simulações de práticas complexas ou de risco, sem pôr vidas em perigo, e ao mesmo tempo com bastante sensação de realidade. Por exemplo, já são utilizados simulações de exercícios táticos e treinamentos virtuais de cirurgias. Também é possível examinar objetos microscópicos em escalas altíssimas, entre outras aplicações. As pesquisas contribuem para que se formem melhores profissionais e que se promova um maior número de pesquisas que sejam inviáveis ou arriscadas no mundo real.
3) Especificamente, qual a sua função no laboratório Acima?
Marlan - Como bolsista de mestrado pesquiso e desenvolvo métodos de exibição e visualização de objetos virtuais. Para isso, utilizo estereoscopia, que é a exibição de duas imagens projetadas nos olhos em pontos de observação ligeiramente diferentes. Isso proporciona a sensação de profundidade, ou, mais conhecido, efeito 3D. Equipamentos que promovem esse efeito são caros e de difícil instalação e configuração, além de serem, em maior parte, de grandes proporções. Por causa disso, pesquiso formas mais acessíveis, portáteis e tão eficientes quanto os outros modelos para projeção de ambientes virtuais.
4) É a primeira vez que você participa da SBPC? Qual a sua expectativa quanto ao que vai encontrar nas movimentações em prol da ciência?
Marlan - É a primeira vez. E espero encontrar várias novidades científicas que possam beneficiar o modo de vida das pessoas e o desenvolvimento continuado de projetos e ideias.
5) A SBPC é um evento tipicamente de divulgação científica, exercício um pouco diferente do que você costuma fazer diariamente. Em sua opinião, qual a relevância de promovermos divulgação das pesquisas, no contexto da nossa ciência e também da sociedade?
Marlan - O público em geral precisa ter conhecimento do que é realizado pelos profissionais da ciência no País, às vezes, propagado mais no meio científico e em áreas específicas. Há muitos projetos importantes para campos distintos do conhecimento e muitas coisas interessantes que podem servir de estímulo para quem quiser ingressar na carreira científica.