Os ensaios ambientais e as medidas de propriedades de massa necessários para o lançamento do satélite argentino SAC-D serão realizados no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), em São José dos Campos (SP). Ele leva a bordo o instrumento Aquarius, equipamento inovador para monitorar a salinidade oceânica desenvolvido pelo Jet Propulsion Laboratory (JPL) da Nasa, a agência espacial norte-americana, além de outros experimentos científicos argentinos, franceses e italianos.
Dadas as dimensões e peso dos equipamentos, o transporte da Argentina para o Brasil foi feito em dois voos de aeronave Globemaster C-17, da Força Aérea Norte-Americana (Usaf), contratada pela Nasa para esta operação.
O SAC-D levou três dias – de sábado (26) a segunda-feira (28) – para que todos seus equipamentos e carga útil fossem transportados do aeroporto de São José dos Campos ao Inpe. Foram necessárias sete carretas para a operação, realizada em sua maior parte de madrugada para não prejudicar o trânsito. Foi utilizado ainda um guindaste de 70 toneladas e outras carretas de material de apoio, além da escolta de quatro viaturas.
A operação de entrada dos equipamentos no País e o seu transporte até o Inpe teve o apoio da Infraero, Receita Federal, Polícia Federal, Prefeitura de São José dos Campos, departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Itamaraty, Consulado e Embaixada dos Estados Unidos, Comisión Nacional de Actividades Espaciales (Conae), Agência Espacial Brasileira (AEB/MCT), Nasa, Air Mobility Command da Força Aérea Norte-Americana, e Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais (Funcate).
As atividades no LIT devem levar em torno de oito meses e envolver, no decorrer deste tempo, cerca de uma centena de técnicos e cientistas de todos os países envolvidos no desenvolvimento e na qualificação do satélite.
O LIT é o único laboratório do gênero no Hemisfério Sul capacitado para a realização de atividades de montagem, integração e testes de satélites e seus subsistemas. Ter condições de oferecer a “matriz completa de testes espaciais” foi decisivo para o Brasil ser escolhido para testar o satélite que a Argentina desenvolveu com a cooperação dos Estados Unidos.
Procedimentos internos do LIT, inclusive de segurança, foram aperfeiçoados para adequação aos mesmos protocolos da Nasa adotados no JPL, tendo sido auditados e aprovados por representantes da própria agência espacial americana.
Serão realizados testes de interferência e compatibilidade eletromagnética, vibração, vibro-acústico, choque de separação, vácuo-térmico, além das medidas de propriedades de massa do satélite. A impossibilidade de reparo em órbita torna imprescindível a simulação em Terra de todas as condições que o satélite enfrentará desde o lançamento até o fim de sua vida útil no espaço.
Os painéis solares para provimento de energia chegaram ao Inpe antes, em maio, e seus testes estão quase concluídos.
A realização dos testes no Brasil é resultado de acordo entre a AEB e a Conae, da Argentina.