O Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast/MCT), no Rio de Janeiro, guardião de importantes instrumentos científicos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), emprestou ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) dois equipamentos de seu acervo datados do século 19.
Fabricados pelos ingleses John Poole e Eward Troughton, o Cronômetro de Marinha e o Sextante, respectivamente, compõem a exposição Expedição Langsdorff, inaugurada hoje (23), no CCBB de São Paulo. Após a temporada na capital paulista, a exposição segue para o CCBB Brasília e, posteriormente, para o CCBB Rio de Janeiro.
Os dois instrumentos emprestados foram destaque em 1882, na expedição à colônia chilena de Punta Arenas, na Patagônia, planejada pelo astrônomo belga Luiz Cruls, do Imperial Observatório do Rio de Janeiro, com o objetivo de viabilizar a observação da passagem de Vênus pelo disco solar. O Cronômetro da Marinha mede o tempo com precisão, determinando a longitude de um ponto no mar. O Sextante, por sua vez, é empregado na navegação astronômica para calcular, por meio de distâncias angulares, a altura de um corpo celeste.
A exposição dos dois instrumentos ocorre pela primeira vez fora do Rio de Janeiro. Sua itinerância vem reforçar o papel da instituição voltada para o estudo da ciência e de sua história, privilegiando o aspecto da divulgação científica e da preservação do legado nacional da ciência e da tecnologia.
Além dos instrumentos cedidos pelo Mast, mais de 100 aquarelas e desenhos, a maioria inédita no Brasil, e mapas originais utilizados na expedição Langsdorff ocupam o térreo e três andares do prédio do CCBB. A entrada é gratuita e a classificação é livre.
Expedição Langsdorff
A Expedição Langsdorff, que percorreu mais de 16 mil quilômetros pelo interior do Brasil entre 1821 e 1829, foi a primeira a retratar a fauna, flora e a população indígena do País. Comandada pelo cônsul da Rússia Georg Heinrich Von Langsdorff, o projeto teve a participação de 39 pessoas, entre elas os pintores Hercules Florence e Adrian Taunay, o astrônomo Nestor Rubtsoz, o botânico Ludwig Ridel, o naturalista Wilhelm Freyreiss e uma equipe técnica de viagem incluindo escravos, guias, caçadores e remadores.
A expedição registrou aspectos de nossa natureza e sociedade e se constituiu no mais completo inventário do País no século 19. Fez parte do esforço do governo do Czar Alexandre 1 para reavivar as relações comerciais entre o Brasil e a Rússia, que haviam sido prejudicadas pelo embargo imposto por D. João 6. Com o apoio do Imperador D. Pedro I e de José Bonifácio, que forneceram, em nome do Império, créditos vultosos e vantagens alfandegárias ao projeto, visava descobertas científicas, investigações geográficas, estatísticas e o estudo de produtos desconhecidos no comércio.