Edição 03/2009 • Brasília,  18 de dezembro de 2009

Inovação: São os votos da Setec

Que o ano de 2010 represente um ano a mais em direção a um mundo sustentável, com qualidade de vida, pleno de paz e alegria. Desejamos um Feliz Natal e que possamos confraternizar um ano melhor para todos.

Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCT

 


Editais investem R$15 milhões em projetos de entidades de apoio à inovação e capacitação empresarial

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) lançam dois editais que selecionam projetos de capacitação de empresários para a inovação e de fortalecimento a entidades setoriais de apoio à pesquisa, desenvolvimento e inovação nas empresas.

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Lei de Inovação Tecnológica completa cinco anos e permite balanço conjunto com a Lei do Bem

Revista TIC Brasil - 14/12/2009

“O investimento em inovação tecnológica no Brasil tem registrado um crescimento significativo, respaldado por uma maior solidez de economia brasileira”. A afirmação é de Ronaldo Mota, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em análise sobre a Lei de Inovação Tecnológica (10.973), proclamada no dia 2 de dezembro de 2004, considerada um dos principais pilares para o desenvolvimento de empresas brasileiras que buscam recursos, como qualidade e criatividade, para superar crises, atrair investimentos e fomentar o cenário econômico. Em entrevista exclusiva à TIC Mercado, Mota fez um balanço positivo sobre a legislação específica acerca da inovação. O secretário disse ainda que o país possui ótimas perspectivas e atividades elogiáveis no setor. As empresas vêm absorvendo de maneira positiva a cultura de inovação tecnológica, sendo responsáveis pelos incentivos nacionais em pesquisa e desenvolvimento.

TIC Mercado – Qual o balanço que você faz acerca dos cinco anos da Lei da Inovação Tecnológica?

Ronaldo Mota – A Lei nº 10.973, também conhecida como Lei da Inovação Tecnológica, promulgada em 02 de dezembro de 2004, completou cinco anos, permitindo um balanço em conjunto com a Lei do Bem (Lei 11.196, promulgada em 21/11/2005), que lhe é complementar. A subvenção prevista na Lei de Inovação, administrada pela Finep/MCT, permitiu que nas áreas selecionadas (TIC, Biotecnologia, Nanotecnologia, Energia, Saúde, Temas Estratégicas e Desenvolvimento Social) houvesse uma subvenção não reembolsável de mais de R$ 1,5 bilhão para contemplar as empresas inovadoras. Valor esse, complementado por vários outros investimentos de maior monta, acessíveis às empresas que inovam, em inúmeras outras modalidades, especialmente reembolsáveis, operadas pela Finep e BNDES. Por sua vez, a Lei do Bem concede incentivos fiscais para empresas que realizem atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. Trata-se de um programa que funciona via autodeclaração dos próprios empresários. A Lei do Bem tem permitido que empresas declarantes em lucro real e que inovam, tecnologicamente, declarem isenções fiscais que em 2006, atingiram, aproximadamente, cerca de R$ 229 milhões por parte de 130 empresas. Já em 2007 saltaram para 299 empresas com benefícios fiscais da ordem de R$ 883 milhões. No ano fiscal de 2008, o número de empresas saltou para 441, e as isenções declaradas, atingiram cerca de R$ 1,5 bilhão. Ou seja, em apenas três anos, o incremento em número de empresas é da ordem de 130% e de valores de 240%. Somente nesse item, os investimentos das empresas em pesquisa e desenvolvimento em relação ao PIB brasileiro saltaram de 0,09% em 2006 para 0,19% em 2007 e atingiram 0,28% do PIB em 2008. As áreas que têm até aqui feito uso mais intensivo da Lei do Bem são: Mecânica e Transportes, Petroquímica, Bens de Consumo, Metalurgia, Eletroeletrônica e Farmacêutica.

TIC Mercado – Quais os principais benefícios que a lei promoveu às empresas brasileiras?

Ronaldo Mota – As Leis de Inovação e do Bem corroboram que inovação tecnológica é agregação de qualidade e requisito essencial para uma economia competitiva, próspera e sustentável, com os melhores empregos e salários. As empresas brasileiras têm avançado em inovação em ritmo superior a qualquer outra economia latino-americana, sendo que as empresas respondem por parte substantiva dos incentivos nacionais em pesquisa e desenvolvimento.

TIC Mercado – Especialistas consideram a inovação tecnológica fator essencial para o desenvolvimento de uma economia sólida e sustentável. Logo, as instituições nacionais estão mais inovadoras em relação a outras da América Latina?

Ronaldo Mota – Nos últimos anos, o investimento em inovação tecnológica no Brasil tem registrado um crescimento significativo, respaldado por uma maior solidez de economia brasileira. Contudo, por não dispormos de informações suficientes dos outros países, não podemos afirmar que as instituições nacionais sejam mais inovadoras que as contrapartes da América Latina.

TIC Mercado – Ainda é intensa a dependência dos royalties e commodities pagos ao exterior?

Ronaldo Mota – O grau de dependência tecnológica de nosso país ainda é alto, haja vista, os royalties pagos por ocasião da efetivação dos contratos de transferências de tecnologias. No tocante à questão das commodities, a balança comercial brasileira indica que a nossa receita ainda é fortemente baseada em produtos básicos e semimanufaturados.

TIC Mercado – Quais as ações e exemplos brasileiros que podem ser destacados na área de inovação tecnológica?

Ronaldo Mota – O Brasil tem exemplos muito positivos e ações elogiáveis na área de inovação tecnológica, mas nada que retire a marca de ser, predominantemente, um país que aprendeu a fazer ciência, produzir conhecimento de ponta, sem ainda o acompanhamento da desejável transferência desses conhecimentos ao setor empresarial. A realidade indisfarçável é que nossa reconhecida boa pós-graduação e nossos qualificados pesquisadores, os quais lograram dobrar nossa participação percentual em periódicos especializados, na última década, impactaram de forma somente tímida, ainda que crescente, as condições para o aumento da taxa se inovação das empresas brasileiras, viabilizando aumentar o valor agregado do seu faturamento, crescer a produtividade e ampliar a competitividade nos mercados interno e externo. Portanto, um balanço possível é que o Brasil conta hoje com uma legislação recente e específica sobre inovação, a qual, associada com suas respectivas regulamentações, compõem um marco regulatório moderno e adequado, ainda que a natureza e a dinâmica do tema demandem permanente revisões e atualizações. Em que pesem a inegável contribuição das Leis de Inovação e do Bem e das experiências recentes muito positivas de absorção da cultura de inovação tecnológica pelas empresas, somos ainda uma país que prima pela excelência da ciência que faz sem ter ainda uma correspondência no mesmo nível quanto à transferência desse conhecimento ao setor produtivo.

Quatro redes do Sibratec entram em fase de contratação

Mais quatro Redes Temáticas de Serviços Tecnológicos entraram em fase de contratação para o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec). Esse programa tem como objetivo articular e aproximar a comunidade científica e tecnológica com empresas brasileiras.

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Desafios da entrada de conhecimento científico na Empresa Brasileira

Com oito anos de experiência na Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o engenheiro químico Fabrício Dunham acumula, atualmente, as funções de Secretário Técnico dos Fundos Setoriais do Agronegócio e Setor Mineral e do Programa SIBRATEC. Nesta entrevista sobre o Sistema Brasileiro de Tecnologia, Dunham explica qual o papel da Finep na implementação do Sibratec, os desafios de levar o conhecimento científico para dentro da empresa e diz que  a academia e a indústria devem ter participação ativa para que mais empresas se tornem inovadoras. ‘É hora de permitir que as empresas brasileiras tenham maior fôlego com a incorporação de tecnologias e inovações originadas na academia. O SIBRATEC foi planejado para suprir essa lacuna, mas isso só será possível com a efetiva participação da indústria”.

Informe Setec -  Qual o papel da FINEP na implementação do Sibratec?

Fabrício Dunham - A FINEP desempenha duas funções principais na implementação do SIBRATEC. A primeira é na discussão do Programa como um todo, buscando construir junto com o MCT as estratégias mais adequadas para alcançar os objetivos do SIBRATEC. A FINEP tem utilizado toda a sua experiência no apoio às empresas e aos projetos ICT-empresas para estruturar a modelagem das Redes de Serviços Tecnológicos, Extensão Tecnológica e Centros Inovação. A FINEP tem larga experiência no fomento de ações que aproximem empresas das ICT, tais como os Programas PRUMO, PROGEX, os editais de cooperação ICT-empresas e o apoio aos projetos de Tecnologia Industrial Básica - TIB. Um dos principais desafios é construir mecanismos que aproximem empresas e ICT numa relação sólida e de efetivo trabalho conjunto. A segunda função é na formatação dos projetos das redes, orientando e promovendo a articulação entre as ICT e o setor privando na organização da demanda/oferta de conhecimentos. A FINEP é responsável pelo trabalho de análise e acompanhamento técnico-financeiro dos projetos apoiados através do SIBRATEC.

Informe Setec - Como o Sr. enxerga o papel do SIBRATEC no contexto atual? Tanto para serviços tecnológicos, extensão e inovação?

Fabrício Dunham - A relação das empresas com as ICT é um tabu que precisa ser superado no Brasil. Muito se avançou nos últimos anos, especialmente após a implementação dos Fundos Setoriais e da Lei de Inovação, mas os desafios ainda existem. Empresas e ICT têm percepções diferentes em vários aspectos. Podemos citar que a confidencialidade das informações, a participação de resultados e o tempo de resposta são as questões mais freqüentes - empresas querem resultados financeiros em curto prazo; as ICT, particularmente as universidades, desejam publicar artigos, etc.. É preciso trabalhar a relação entre esses dois atores de forma a ajustar as percepções, construindo relações institucionais de longo prazo que permitam avançar na promoção de inovações. O SIBRATEC é um dos elementos que auxilia nessa trajetória. O Programa procura ampliar o diálogo entre as empresas e as ICT, contemplando os componentes fundamentais do processo de inovação. A implementação do SIBRATEC tem por objetivo melhorar a organização da oferta de conhecimentos, aumentando a sinergia das ações destinadas ao apoio às empresas, o que antes era feito através de programas isolados. Com um sistema mais organizado e melhor equipado, a capacidade de responder às demandas das empresas aumenta.

Informe Setec -  O que o senhor acredita que o Sibratec poderá alcançar, em termos de objetivos, nos próximos anos em relação à empresa brasileira?

Fabrício Dunham - No que tange aos serviços tecnológicos, o SIBRATEC está reforçando toda a estrutura de ensaios, ação fundamental para que as empresas brasileiras atendam às exigências de mercado na comercialização de seus produtos. A certificação de produtos é um dos gargalos para que as empresas do País aumentem sua competitividade e superem as exigências técnicas, especialmente na exportação. Com a estruturação das redes de serviços espera-se oferecer ensaios de metrologia, normalização e avaliação de conformidade e agilizar a resposta às empresas. Na promoção da inovação nas empresas, as redes de extensão tecnológica têm um papel fundamental. A atuação do extensionista, estando presente na empresa e se envolvendo com os problemas tecnológicos, é uma ação eficaz para que o setor empresarial inove. As redes de extensão possibilitam ainda dar maior capilaridade às ações de inovação, considerando as particularidades de cada unidade da federação. Por fim, espera-se que as redes de centros de inovação atinjam o objetivo de disponibilizar competências para os projetos mais complexos de inovação.

Informe Setec -  Como funciona o SIBRATEC para os eventuais interessados em participar mais ativamente, sejam eles pessoas do mundo acadêmico ou do mundo empresarial?

Fabrício Dunham - As empresas são a razão de existir do SIBRATEC, que foi concebido para atender às demandas das mesmas. As empresas podem participar solicitando serviços tecnológicos e/ou extensão tecnológica nas ICT, ou ainda solicitar parceria com as redes de inovação. Para o setor empresarial, é desejável uma maior participação das representações setoriais, o que poderia ser feito junto ao MCT e da própria FINEP. A estruturação das ações do SIBRATEC deve considerar as demandas setoriais que as empresas possuem, especialmente nas redes de inovação, buscando ajustar os instrumentos de apoio às efetivas necessidades da indústria.

Para a academia, é importante mencionar que o SIBRATEC está estruturado por relações institucionais. O apoio é dirigido às instituições partícipes das redes e não aos pesquisadores individualmente. A organização das redes está em estágio avançado, onde os projetos componentes já estão definidos . Entretanto, o SIBRATEC prevê um modelo operacional que permite a incorporação de novas instituições, o que deverá ocorrer em breve. Também estão sendo trabalhadas propostas para reforçar a competência das ICT que hoje não participam do SIBRATEC, objetivando a sua futura incorporação ao sistema.

Informe Setec -  O que o Sr. espera do programa em 2010?

Fabrício Dunham - O desafio estratégico para o ano de 2010 é consolidar o SIBRATEC como um instrumento de efetivo uso pelas empresas. Para isso, será preciso finalizar a implementação das redes e divulgar o sistema entre as empresas potenciais interessadas, demonstrando que o acesso ao SIBRATEC é simples e rápido. Espero que em 2010 as empresas demandem intensamente por atendimentos e projetos em todos os três componentes do SIBRATEC.

Informe Setec -  O que mais o Sr. gostaria de deixar registrado aos nossos leitores?

Fabrício Dunham - É reconhecido que a inovação é um fenômeno que ocorre nas empresas, sendo o meio mais efetivo para que elas tenham competitividade nos mercados em que atuam. O País investiu recursos significativos na estruturação das ICT, ampliando a formação de pessoal qualificado e implementando uma estrutura de pesquisa. As ICT contribuem com o desenvolvimento de tecnologias de interesse industrial, mas têm dificuldade em transferir seus conhecimentos para as empresas. É hora de atacar esse problema e permitir que as empresas brasileiras tenham maior fôlego com a incorporação de tecnologias e inovações originadas na academia. Empresas fortes são essenciais para uma economia robusta, com externalidades positivas para a sociedade. O SIBRATEC foi planejado para suprir essa lacuna, mas isso só será possível com a efetiva participação da indústria.

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