Teve início ontem (5), na Fazenda Experimental Santa Rita, em Prudente de Morais (MG), a fase de testes de campo do Chip do Boi, produto 100% desenvolvido no Brasil pela Ceitec S.A., de Porto Alegre (RS). O chip se destina à rastreabilidade bovina. Essa é a última etapa antes da produção comercial da ferramenta.
Os brincos com o chip foram aplicados em 500 cabeças de gado na fazenda da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Ao todo, a Ceitec vai testar 10 mil brincos em outras fazendas de diversas regiões.
Esta fase é a última etapa antes da produção em escala comercial do chip. Em laboratório, o chip demonstrou perfeito funcionamento. Nas fazendas, o equipamento será testado em condições reais, sujeito a calor, frio, chuva, etc. A Ceitec tem capacidade de produzir cerca de 50 milhões de Chips do Boi por ano.
EleI foi desenvolvido no Design Center da Ceitec e será uma dos produtos fabricados na planta da empresa
em Porto Alegre (RS), a partir de 2010. A empresa é líder em semicondutores da América Latina e a única que tem uma fábrica de chips no continente latino-americano.
O chip permite a rastreabilidade das informações sobre os animais, feita totalmente de forma eletrônica. Desta forma, elimina-se o fator erro humano na coleta de dados sobre o rebanho. O brinco com o chip funciona como identidade eletrônica do gado e seus dados (nascimento, vacinas, manejo, etc.) ficam armazenados no sistema.
Antes da existência do chip, o pecuarista tinha duas opções para rastreabilidade: o brinco óptico com números e o brinco com código de barras. As duas alternativas oferecem algumas dificuldade para a obtenção da informação e de confiabilidade.
“No chip óptico um peão tem que ditar para outro o número escrito no brinco. Depois essa informação é anotada, passada para o computador na sede da fazenda e enviado para o Sisbov”, exemplifica Eduard Weichselbaumer, presidente da Ceitec. O brinco com código de barras só pode ser lido se o código estiver limpo, sem sujeiras como barro, por exemplo, e o gado mantiver a cabeça parada. “São duas condições praticamente inexistentes e que impedem a leitura do código de barras.
Segundo Weichselbaumer, o Chip elimina esses problemas. “O brinco com o chip pode ser lido com o gado em movimento e as informações vão diretamente para o software no computador da fazenda por Bluetooth, wi-fi ou cabo. Também existem leitores que armazenam os dados que podem ser baixados no computador e ainda há os portais que podem ser instalados em locais onde o gado passa, como nas mangueiras”, explica.
Devido ao altíssimo grau de confiabilidade, a carne rastreada eletronicamente com chip tem valor maior no mercado e tem melhores condições de sobrepor a rigorosa legislação sanitária de países como os que compõem a União Européia.
A Epamig foi selecionada para o teste de campo devido à sua tradição em pesquisas agropecuárias e geração de tecnologias desde 1974. Hoje, ela é referência nacional em diversas áreas de pesquisa, como produção de azeitona e azeite, uvas e vinhos finos, produção de leite e derivados, gado F1 e oleaginosas para produção de biodiesel. É, também, excelência na América Latina em laticínios.