Crédito: Mário Bentes – No detalhe, o consultor Frank Rinn analisa os dados dos sismógrafos (ao fundo, instalados no tronco da árvore) no computador
A árvore de mais de 600 anos de idade que batiza a Ilha da Tanimbuca, no Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), em Manaus (AM), está com quase metade de sua estrutura física comprometida pela ação do tempo. A constatação é do consultor alemão Frank Rinn, que esteve em Manaus na última sexta-feira (30) a pedido do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia, do Inpa.
A avaliação, resultante de uma técnica criada pelo próprio consultor, em 1999, apontou que 45% da estrutura da árvore está comprometida, principalmente na área mais interna do tronco, onde há, inclusive, partes completamente ocas ou danificadas possivelmente pela ação de fungos – o que é considerado normal por conta da elevada idade alcançada pela árvore.
Para chegar ao resultado, Rinn utilizou pequenos sismógrafos – aparelhos usados para medir tremores de terra – instalados envolta do tronco da árvore, formando uma espécie de anel próximo da base. Cada aparelho – 11, no caso da avaliação da tanimbuca (Buchenavea huberi) – estava ligado a um computador com um software especialmente desenvolvido para analisar os dados.
O consultor explica que os aparelhos são instalados próximos da base do tronco (a cerca de um metro do nível do solo) por esta área sofrer a maior tensão física quando da ação das correntes de vento e da gravidade, diferente de áreas do tronco situadas mais acima.
“A técnica poderia ser feita em áreas diferentes, simultaneamente, como num modelo em três dimensões, mas a base é a parte mais importante para a medição”, explica Rinn, lembrando que o método só pode ser feito a partir de, no mínimo, seis sismógrafos – o que garante, segundo ele, fidelidade aos resultados.
Vibrações
A partir daí, Rinn aplicou pequenos golpes de martelo em cada um dos 11 sismógrafos usados na avaliação, de modo que todos eles, paralelamente, emitiam e recebiam as informações referentes às vibrações dos choques no interior da árvore.
As vibrações de cada golpe variavam conforme a estrutura interna da tanimbuca, fazendo com que as informações chegassem em maior ou menor tempo aos outros sismógrafos. “As vibrações que partiam de cada área golpeada percorrem áreas diferentes do interior do tronco. O tempo que a vibração leva para percorrer a massa da árvore até os outros medidores, na superfície do tronco, indicam a qualidade da estrutura. Se as vibrações percorrem o interior em pouco tempo, significa que a estrutura está em boas condições,se for o contrário podem haver parte ocas ou áreas danificadas”, explica Rinn.
O mesmo procedimento é repetido algumas vezes em cada sismógrafo até que o software tenha informações suficientes para calcular uma média entre todas as medidas captadas. Rinn explica que o software avalia outros possíveis resultados a partir da “suposição” das condições existentes na área onde a árvore avaliada fica situada.
“O software aponta a estimativa da saúde de uma árvore a partir do terreno ao redor. Se uma árvore, por exemplo, tem abalos no interior do tronco e fica localizada em um descampado, o procedimento vai diminuir o percentual de integridade, porque a árvore estará mais suscetível ás forças do vento.
O mesmo não ocorre se a árvore está protegida da ação do vento e da chuva pela presença de outras árvores”, explica o consultor.
Providências
No caso da tanimbuca do Inpa, avalia Rinn, a estimativa do percentual do que se chama de “insanidade” – problemas de saúde – pode ser menor porque o exemplar fica situado em local de pouco movimento e protegido da ação do vento e da chuva. De qualquer forma, pesquisadores do Inpa já estudam meios para garantir mais estabilidade à árvore.
“Vamos estudar alternativas em dois aspectos: o de engenharia e o biológico. A meta é fazer um equilíbrio entre as formas possíveis de melhorar as condições físicas e a estrutura da tanimbuca como um todo”, explica o coordenador de Ações Estratégicas do Inpa, Estevão Monteiro de Paula.
O trabalho que visa identificar as possíveis alternativas de recuperação da árvore será organizado pela Coordenação de Extensão do Inpa.