O Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) realiza, hoje (4), a partir das 17h, o seminário “O poder dos anéis: estudos dendrocronológicos de árvores na Amazônia Central”, que tem como convidado o pesquisador alemão Jochen Schöngart, do Instituto Max Planck . A atividade acontece no auditório do setor de Biologia de Água Doce e Pesca Interior (BADPI).
Durante o seminário, o cientista vai apresentar a técnica conhecida como dendrocronologia, que está sendo usada por cientistas do Inpa e do Instituto Max Planck para elaborar um calendário histórico de variações do regime hidrológico (de chuvas) da região e assim identificar um padrão do comportamento do clima.
O trabalho é realizado a partir do estudo dos chamados “anéis anuais da madeira”, círculos concêntricos (com centro de raio em comum) formados naturalmente nos troncos das árvores por meio das suas variações morfológicas, anatômicas e fisiológicas, mediante as mudanças das condições climáticas da região onde as árvores usadas no estudo estão localizadas.
O estudo é desenvolvido em espécies arbóreas capazes de atingir até 500 anos de idade, como é o caso da arapari (Macrolobium acaciifolium, Fabaceae) e da assacu (Hura creptans), que apresentam quantidade maior de anéis e, consequentemente, informações mais concretas sobre as variações a que foram submetidas ao longo do tempo.
“Os anéis são camadas de crescimento do tronco e as distâncias entre eles revelam o que aconteceu em um ano específico da vida da árvore. Se a distância entre um anel e outro for curta, significa que naquele ano a árvore não teve muito tempo para crescer por causa de uma grande cheia”, disse o cientista, em entrevista concedida à edição de estreia da Revista “Ciência para todos”, do Inpa, que fez uma reportagem completa sobre o trabalho (pág. 38 - 43).
Previsão do tempo e prevenção de problemas
Além de definir até que ponto as mudanças climáticas são responsáveis pelas alterações dos regimes hidrológicos de regiões de clima tropical – e se de fato são responsáveis –, o trabalho desenvolvido por Jochen Schöngart, ao lado de outros pesquisadores, pode ainda ajudar órgãos governamentais a agir antecipadamente em casos de fenômenos climáticos de impacto mais graves.
O pesquisador se refere a eventos como a seca de 2005, que isolou comunidades inteiras no interior do Amazonas, e a cheia deste ano, que provocou inundações em dezenas de municípios do Estado e na área central da capital Manaus.
A estimativa do pesquisador é que o trabalho de pesquisa junto às árvores centenárias da região amazônica possa ajudar a antecipar, em pelo menos quatro meses, fenômenos como grandes cheias e secas severas. “O objetivo maior da pesquisa é divulgar as informações para o Governo do Estado, Organizações Não Governamentais (ONGs), institutos de pesquisa e entidades da sociedade civil que possam usar as informações para a tomada de decisões”, afirmou Schöngart.