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MCT apresenta soluções para crise no fornecimento de radiofármacos
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Sergio Rezende e os presidentes da SBBMN Adelanir Barroso e da Cnem Odair Dias discutiram as falhas na produção e no fornecimento do Molibdênio
13/08/2009 - 07:50

As falhas na produção e no fornecimento do Molibdênio (Mo-99) - matéria-prima responsável pela fabricação de geradores de tecnécio, utilizados na medicina nuclear e em radioterapia - foram discutidas ontem (12) pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, o presidente do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular (SBBMN), Adelanir Antonio Barroso e o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCT), Odair Dias Gonçalves.

Anualmente a medicina nuclear brasileira realiza cerca de 3,6 milhões de procedimentos, ou seja, 10 mil atendimentos diários. “Sem este elemento químico, os exames nas especialidades de oncologia e cardiologia estão prejudicados”, relatou o presidente do SBBMN, Adelanir Barroso.

No encontro, o ministro Rezende destacou algumas medidas emergenciais que estão sendo adotadas para garantir o fornecimento do Mo-99 nos hospitais. “Em caráter emergencial estamos firmando um acordo com a Argentina, que fornecerá todo excedente possível, mesmo antes de assinarmos o contrato”, garantiu. O ministro relacionou outras medidas que estão sendo executadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCT) como a formação de uma equipe para solucionar ou diminuir o impacto no País desta crise mundial.

Também estão em análise alternativas para diagnóstico com outros radiofármacos que não o Mo-99, bem como estudada a possibilidade de importação direta de geradores de tecnécio pelos hospitais, uma vez que os produtores de molibdênio, em geral, não são os mesmos produtores do tecnécio e outras.

O ministro lembrou que a falha no fornecimento do Molibdênio afeta o mundo todo e que o Brasil, por meio da Cnen, mantém contratos com outros países, especialmente com a Argentina, além de estar em negociação com a África do Sul.

Os problemas recentes enfrentados pelo Brasil se devem à restrição no fornecimento imposta pelo Canadá e pela Holanda, que interromperam suas produções. “Estamos estudando contatos com outros países. Mas, por exemplo, a Austrália e a Rússia produzem os radioisótopos, mas não estão preparados para sua exportação. Já a Bélgica exporta, mas não tem condição de atendimento, pois sua produção, no momento, já está completamente comprometida”, citou o ministro. Ele também atribuiu parte da crise a falta de investimentos no setor nuclear nacional no passado. “O Programa Nuclear Brasileiro ficou paralisado por mais de 20 anos, sendo retomado apenas em 2007, quando o comitê para o programa nuclear determinou a retomada de investimentos, principalmente no setor de radiofármacos”, disse.

O presidente da Cnem, Odair Gonçalves, também ressaltou que as dificuldades enfrentadas neste ano estão relacionadas ao vazamento no reator de uma empresa no Canadá, o que levou à interrupção de suas atividades. Inicialmente, a previsão era de que a produção seria interrompida por um mês, mas a retomada das atividades só está prevista para setembro. A falha levou a empresa a atender só 1/3 da demanda semanal. Em junho, a Cnem foi notificada pela fornecedora, que nas duas primeiras semanas de julho haveria nova interrupção no fornecimento de Mo-99, o que permitiu que só fosse possível atender 33% da demanda nacional.

Gonçalves também lembrou que a falta de investimentos no passado afetou a construção de novos reatores de maior potência e de múltiplas aplicações, particularmente a de reatores para produção de radioisótopos. “O Ministério da Ciência e Tecnologia está empenhado na mudança deste quadro, o que é evidenciado no projeto de construção de um reator de pesquisa com características modernas e adequadas à produção de radiofármacos. A previsão é que um novo reator entre em funcionamento em 2016. Esse é um projeto de US$ 500 milhões”, enfatizou.

De acordo com ele, os radiofármacos são substâncias preparadas a partir de radioisótopos (material radioativo) que são combinados com outras substâncias de modo a se obter um produto com afinidade à matéria biológica, que são usados na medicina nuclear (diagnóstico) e em radioterapia. Esses radioisótopos são produzidos em reatores nucleares ou em aceleradores de partículas (como os cíclotrons) por meio da irradiação por partículas (nêutrons e prótons).

O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/MCT), em São Paulo, é a única instituição nacional que tem uma radiofarmácia preparada, com um processo produtivo adequado e que vem atendendo a 100% da demanda há mais de 10 anos. O Brasil consome aproximadamente 5% da produção mundial de Mo-99, ao custo de US$ 20 milhões por ano. 
 

 

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