O ministro inaugurou o prédio que abrigará os laboratórios de gravimetria, geotermia, petrofísica e geomagnetismo
O ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sergio Rezende, empossou ontem (14), o diretor do Observatório Nacional (ON/MCT), Sérgio Luiz Fontes, que foi reconduzido ao cargo por mais quatro anos. O ministro também participou da inauguração do edifício Lélio Gama no espaço da instituição, no Rio de Janeiro.
O novo prédio abrigará os pesquisadores de geofísica e os laboratórios de gravimetria, geotermia, petrofísica e geomagnetismo. Os 1,8 mil metros quadrados da construção receberam recurso da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT) e Petrobras. Ao todo, foram investidos R$ 2,6 milhões. As instalações também serão ocupadas pelos projetos Rede Sismográfica do Sul e Sudeste do Brasil, Pool de Equipamentos de Geofísica do Brasil e Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos. Esses projetos tornam o ON um centro internacional de pesquisas em geofísica.
Em seu discurso o diretor do ON, Sérgio Luiz Fontes, destacou o entusiasmo e a satisfação de dirigir a unidade no contexto de um governo que tem sido tão sensível com as áreas de ciência, tecnologia e inovação, e que compreende esses setores como centrais para o desenvolvimento do País. Segundo ele, graças a essa sensibilidade o ON praticamente triplicou seu orçamento. “Isso permitiu a ampliação da estrutura e a aquisição de equipamentos, que colocam o ON como um vetor importante de pesquisa e desenvolvimento no Brasil e como um centro de gerenciamento de grande quantidade de dados e informações astronômicas”, destacou.
Fontes também fez um balanço dos primeiros quatro anos em que dirigiu o ON. "Recuperamos a estrutura existente como, por exemplo, a reforma de uma casa do ano de 1840, além da construção do novo prédio. Conseguimos recursos para arrumar a casa. Neste sentido, é importante ressaltar o destaque que o governo federal tem dado à Ciência e à Tecnologia", enfatizou. Para o segundo mandato, ele espera repor o quadro de pesquisadores. "Em termos de infraestrutura conseguimos avançar bastante. Agora, precisamos de mais pessoas trabalhando. Será necessária a reposição de pessoal, mais pesquisadores, técnicos e até profissionais de gestão. Temos muita demanda nessa área. A ênfase será em recursos humanos", adiantou.
O ministro Sergio Rezende também destacou que o País vive hoje um momento de consolidação das áreas de ciência, tecnologia e inovação. Ele aproveitou a oportunidade para dizer que também é preciso superar desafios, bem como mudar a cultura das empresas do País que precisam investir mais em inovação. Segundo Rezende, somente desta forma é possível fazer com que a ciência passe a ser também um instrumento de geração de riqueza. O ministro lembrou os esforços que estão sendo feitos no Brasil para a difusão e popularização da ciência. Entre as iniciativas, o ministro destacou a realização da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), que tem despertado o interesse de milhões de estudantes para a ciência, e a ampliação dos Centros Vocacionais Tecnológicos e dos Arranjos Produtivos Locais.
Por fim, o ministro chamou a atenção para a consolidação no MCT dos comitês de busca, responsáveis pela escolha dos dirigentes das unidades. De acordo com ele, o processo de seleção dos dirigentes das unidades por meio dos comitês estimula a apresentação de novas propostas e projetos de gestão, abre espaço para o debate com os servidores das unidades e gera novas idéias para o setor. “Hoje esse é um instrumento importante e que está consolidado na estrutura do ministério”, destacou.
Trajetória Sérgio Luiz Fontes é graduado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestrado em Geologia pela mesma universidade e doutorado em Geofísica pela Universidade de Edinburgh, Escócia. Hoje, é pesquisador do ON, correspondente nacional da International Association of Geomagnetism and Aeronomy e coordenador de geofísica do Instituto Panamericano de Geografia e História.
Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geoeletricidade, atuando principalmente nas áreas de magnetotelúrica, geofísica, geociências, indução eletromagnética e eletromagnético transiente e é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1C.
No ON, Fontes iniciou a carreira em 1977. Seu primeiro cargo foi de assistente de pesquisa. Após concluir o mestrado, passou a ocupar a posição de chefe da coordenação geofísica. Também ja ocupou a vice-direção da instituição.
Ações O ON está finalizando a Rede Sismográfica do Sul e Sudeste do Brasil, que vai monitorar os tremores de terra nessas regiões, que concentram a maior parte da população do País. Ao custo de R$ 6,1 milhões financiados pela Petrobras, o projeto tem 11 estações equipadas com sismógrafos, GPS de alta precisão e gravímetros. Tudo instalado em áreas militares, para proteção dos equipamentos.
"Além da questão da segurança das pessoas, os dados sismológicos podem ser utilizados para se obter, como em medicina, uma tomografia de até centenas de quilômetros no interior da Terra. Isso permitirá um avanço no conhecimento geológico da crosta e litosfera sob o território brasileiro, que ajuda a entender a evolução do planeta e das bacias sedimentares", explica Fontes.
Também em fase final de implantação e com financiamento da Petrobras, de R$ 14 milhões, o Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil ficará disponível para uso das diversas instituições que integram a Rede Temática de Geotectônica, criada pela Petrobras. O pool foi idealizado por Fontes e apresentado pela primeira vez em 1996, em artigo publicado na Revista Brasileira de Geofísica.
Já a Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos tornará mais eficiente as cartas magnéticas que o ON produz desde que foi fundado em 1827. São elas que permitem a leitura correta das bússolas, uma vez que elas apontam sempre o norte magnético e não o geográfico. Esse serviço ainda é requisitado com frequência por empresas de navegação e aviação, como a Embraer.
Do ponto de vista científico, ela pesquisará fenômenos relacionados ao campo magnético sobre o Brasil, como a Anomalia Magnética do Atlântico Sul. Em uma região mais ou menos onde se localiza o estado de Santa Catarina, o campo magnético terrestre é muito reduzido.
Hoje, o ON tem dois observatórios, um em Vassouras (RJ), de 1915, e outro em Tatuoca (PA), de 1957. Para criar a rede, com mais três observatórios fixos (um no Distrito Federal e dois na Amazônia) e dez itinerantes, a instituição investiu, com recursos da Finep, R$ 670 mil.
Histórico O Observatório Nacional (ON) foi criado por D. Pedro I em 15 de outubro de 1827. Entre suas finalidades estava a orientação e estudos geográficos do território e de ensino da navegação. Com a proclamação da República, em 1889, o Imperial Observatório do Rio de Janeiro passou a se denominar Observatório Nacional.
O ON, uma das mais antigas instituições brasileiras de pesquisa, ensino e prestação de serviços tecnológicos, foi criado, oficialmente, em 1827, mas sua origem é anterior. Segundo o Padre Serafim Leite, em 1730, os jesuítas instalaram um observatório no Morro do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro. Nesse mesmo local, em 1780, um observatório foi montado pelos astrônomos portugueses Sanches d'Orta e Oliveira Barbosa, realizando-se ali observações regulares de astronomia, meteorologia e magnetismo terrestre. Com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, o acervo desse observatório foi transferido para a Academia Real Militar.
Segundo H. Morize (O Observatório Astronômico: um século de história 1827-1927, Mast: Salamandra, 1987), "no começo do século findo esta cidade do Rio de Janeiro, com o influxo da Independência, havia tomado um grande desenvolvimento comercial e seu porto era um dos mais frequentados por numerosas embarcações, cujos capitães tinham necessidade de conhecer a declinação magnética, assim como a hora média, e a longitude, para regular seus cronômetros, a fim de poder empreender com segurança a viagem de retorno ou de continuá-la ao redor do mundo.
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