O sistema de fibra ótica levar a luz captada até o espectrógrafo
13/04/2009 - 07:50
O Brasil, representado por uma equipe de pesquisadores do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCT), sediado em Itajubá (MG), contribuirá para a construção de um instrumento astronômico inédito. Trata-se do Wide-Field Multi-Object Spectrograph (WFMOS), um espectrógrafo que será ligado a um sistema de fibras óticas, com capacidade para analisar simultaneamente a luz proveniente de milhares de pontos no espaço. O aparelho será instalado no telescópio japonês Subaru, no Hawaii.
O projeto será gerenciado pelo Observatório Gemini, um consórcio de países, responsáveis por aplicar esforços científicos, financeiros e tecnológicos na utilização de dois telescópios gêmeos – um deles, localizado na Cordilheira dos Andes, no hemisfério sul, e o outro no Hawaii, no hemisfério norte.
Para a construção do instrumento, o Gemini encomendou dois estudos de viabilidade. Duas equipes competiram na elaboração das propostas, utilizando a melhor, mas também a mais barata tecnologia possível para o WFMOS. A equipe do LNA participou da disputa como membro de uma das equipes, composta por tecnologistas e pesquisadores dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Brasil. O time do laboratório foi qualificado como vencedor por apresentar a melhor tecnologia e com um melhor custo benefício.
De acordo com o pesquisador do LNA, Antônio César de Oliveira, o projeto, que custará milhões de dólares, tem uma envergadura equivalente ao do lançamento de uma sonda espacial e levará cinco anos para ser concluído. Ele adiantou que os trabalhos devem começar em outubro próximo. "Estamos trabalhando no limite da tecnologia. Seremos responsáveis pelo desenvolvimento e construção do sistema de fibras óticas, que levará a luz coletada pelo telescópio até o espectrógrafo (WFMOS). Temos a melhor experiência nessa área", diz Oliveira”, disse.
Ele garantiu que o equipamento responderá a uma série de questionamentos que até hoje não foram solucionados. “Vamos saber qual a idade do Universo, por quanto tempo mais ele existirá e quanto vai expandir. Saberemos ainda a caracterização da formação de estrelas e galáxias. Em termos científicos, o ganho de tecnologia envolvida será muito grande”, destacou.
Fibras óticas
O sistema será composto por um cabo de 60 metros, contendo 2,4 mil fibras óticas. Além do tratamento especial que precisa ser dado às extremidades das fibras, o cabo precisa ser dividido em partes, para que possa ser desmontado conforme a necessidade. Para isso, os pesquisadores do LNA criaram o protótipo de um conector com capacidade para alinhar 800 fibras ao mesmo tempo.
O projeto brasileiro, feito em parceria com os Estados Unidos e o Reino Unido. Os EUA farão o sistema de posicionamento e controle. Os britânicos construirão o espectrógrafo propriamente dito.
Oliveira explica ainda que o instrumento permitirá se faça um “mapeamento em grande escala” do Universo. Cada fibra ótica poderá ser alocada para uma região específica do céu no campo de visão do telescópio. Assim, em vez de estudar uma única fonte de luz, os cientistas poderão estudar 2,4 mil fontes simultaneamente. "Estudos que levariam anos de observação poderão ser feitos em poucas noites", diz o físico.
Para Oliveira, os resultados obtidos pelo LNA neste projeto são um reflexo dos esforços dos últimos anos para ampliar sua capacidade tecnológica por meio da construção de modernos laboratórios e oficinas.
Gemini
O Observatório Gemini consiste de dois telescópios gêmeos, com espelhos primários de 8 metros de diâmetro, desenhados para operar no óptico e no infravermelho. O Gemini Sul está posicionado a uma altitude de 2700 metros, sobre uma montanha nos Andes chilenos, chamada Cerro Pachon, ao lado de outro grande telescópio, o telescópio SOAR, e próximo dos telescópios do Observatório Inter-Americano de Cerro Tololo.
Seu “irmão” no hemisfério Norte, o telescópio Gemini Norte (também chamado "Frederick C. Gillett") está localizado em Mauna Kea, no Hawaii, no "Hilo's University Park", em uma altitude de 4200 metros.
Os telescópios Gemini foram construídos e são operados por um consórcio de sete países incluindo os Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Austrália, Brasil e Argentina. A parceria é gerenciada pela Association of Universities for Research in Astronomy (AURA). A sede internacional do Observatório Geminie fica em Hilo, Hawaii, na Universidade do Hawaii.