O Pará pretende se tornar um centro de referência em pesquisa genética. Para isso, o primeiro passo foi dado no início do ano, quando o governo do estado criou a Rede Paraense de Genômica e Proteômica, grupo integrado por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Agora, para viabilizar as pesquisas, adquiriu o Solid, aparelho de última geração que permite aos cientistas rápido acesso ao genoma, o código genético de uma célula.
A aquisição do equipamento pelo departamento de Ciências da UFPA foi feita com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT), que custeou R$ 7 milhões dos R$ 13 milhões do custo. Os R$ 6 milhões restantes são do governo do estado por meio da Secretária de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa).
Com o Solid é possível mapear as informações dentro de qualquer célula animal ou vegetal em prazo recorde. O trabalho que era feito em um ano pode ser realizado em até uma semana. Este fato, aliado à rica biodiversidade amazônica, pode fazer do Pará um dos maiores desenvolvedores de pesquisa, remédios e melhoramento genético para agricultura do País.
Com esse intuito, a Rede Paraense de Genômica e Proteômica se propôs a cumprir algumas metas nos próximos dois anos. Entre elas, descobrir o motivo de a população paraense apresentar um dos maiores índices de câncer gástrico no mundo e melhorar a resistência genética da plantação de pimenta do reino a doenças.
Pimenta do reino
O Pará é o maior produtor de pimenta do reino do Brasil. As lavouras são cultivadas, exclusivamente, pelo sistema de agricultura familiar. Mas, apesar dos plantadores contarem com o acompanhamento da Embrapa há 40 anos, existem algumas doenças que dizimam as plantações e que ainda não têm cura. Com o Solid, os cientistas esperam descobrir a origem da doença dos pimentais e propor soluções para tornar as plantas mais resistentes.
Diversas pesquisas foram realizada para descobrir por que a população do Pará apresenta um dos maiores índices de câncer gástrico do mundo, mas nenhuma delas chegou a uma conclusão satisfatória. Especula-se que a dieta local, muito salgada e rica em derivados da mandioca, seja um dos motivos. Outra possibilidade é que o componente genético indígena da população seria um fator de risco. Para desvendar a questão, a Rede Genômica e Proteômica tem agora o Solid, além do reforço de médicos oncologistas que unirão esforços aos cientistas para descobrir a causa e o tratamento para o câncer gástrico desenvolvido pelos paraenses.
Com a aquisição do Solid, a Rede quer se tornar um centro de formação de professores pesquisadores de todo o Brasil. A UFPA, a única do Norte e Nordeste a oferecer curso em genética, firmou convênios com as universidades de São Paulo (USP) e Federal de Minas Gerais (UFMG) para formação de bioinformatas no estado. Um dos próximos objetivos da UFPA é passar a atrair mais pesquisas de mestrado e doutorado.
O Solid foi lançado no fim de 2008 e promete revolucionar a pesquisa genética mundial. Existem apenas 300 aparelhos no mundo. Na América Latina estão um no México e três no Brasil (além do Pará, Rio de Janeiro e Minas Gerais adquiriram o equipamento).
Com informações da Ascom do Governo do Pará