Para compor este bloco foram agrupadas questões relativas à força de trabalho das empresas, no que diz respeito à qualificação, atualização e capacitação profissional; as atividades desenvolvidas para caracterizar as áreas de atuação; e a gestão dessa força de trabalho, a partir do levantamento das formas adotadas para apoiar sua participação na solução de problemas, da realização de avaliações de desempenho e de pesquisas de satisfação e da oferta de horário flexível para as equipes de profissionais de desenvolvimento de software.
A gestão do conhecimento, knowledge management, é ainda um novo conceito e, como tal, objeto de diferentes definições e interpretações, confundindo-se com a inteligência competitiva. Segundo Timothy Powell, trata-se de uma "forma integrada e estruturada de gerenciar o capital intelectual de uma organização".
Como estratégia, a gestão do conhecimento considera que o capital intelectual das organizações é a força capaz de promover maior produtividade, criar novos valores e, consequentemente, aumentar a competitividade.
Para efeito desta pesquisa, um dos indicadores da qualificação profissional nas empresas levantado foi a formação acadêmica formal das pessoas em nível de pós-graduação, totalizando 1.128 mestres e 180 doutores com uma distribuição onde se observa a existência de pelo menos um profissional pós-graduado em mais de 40% das empresas da amostra. (vide Tabela 12)
Em mais de um quarto das empresas, há pelo menos um profissional certificado em qualidade, que obteve a certificação oferecida pela American Society for Quality - ASQ, ou é um Lead Assessor ou pós-graduado lato sensu ou stricto sensu em gestão da qualidade, num total de 823 profissionais certificados. (vide Tabela 13)
A ASQ, entidade norte-americana que congrega profissionais interessados na engenharia da qualidade e na gestão da qualidade, oferece diversas certificações profissionais, entre as quais a de engenheiro da qualidade (Certified Quality Engineer - CQE), engenheiro de confiabilidade (Certified Reliability Engineer - CRE), auditor da qualidade (Certified Quality Auditor - CQA), administrador da qualidade (Certified Quality Manager - CQM) e engenheiro da qualidade em software (Certified Software Quality Engineer - CSQE). No Brasil, os exames para certificação são aplicados pela Associação Brasileira de Controle da Qualidade - ABCQ.
A certificação do Lead Assessor qualifica um auditor a atuar na avaliação de empresas segundo as normas ISO 9000.
São mais de 17 mil profissionais com curso superior de Ciência da Computação, Processamento de Dados, Análise de Sistemas, Engenharia da Computação ou Informática atuando nas empresas pesquisadas. (vide Tabela 14)
Não basta um profissional bem formado. É preciso promover sua atualização em termos de conhecimentos e estabelecer um relacionamento onde as relações pessoais, o acesso às informações e o espírito de equipe sejam valorizados.
São significativos os percentuais relativos às empresas que afirmam promover a atualização da força de trabalho. Os mecanismos apontados vão do acesso livre à Internet (75%) ao incentivo à pós-graduação (34%), passando pela aquisição de material especializado e a liberação para cursos, Congressos e afins, com ou sem ônus para as empresas. (vide Tabela 15 e Gráfico I.07)
Bibliotecas técnicas especializadas eram mantidas em 40% das empresas, enquanto 47% mantinham acervo embora sem registro bibliográfico. (vide Tabela 16)
Os colaboradores da grande maioria das empresas (86%) participaram de programas de capacitação no ano de 1998, sendo inferior o percentual de empresas que ofereceram treinamento a seus gerentes (72%). No entanto, apenas cerca de um quarto dessas informaram que há registro das cargas horárias correspondentes. (vide Tabela 17)
Metade das empresas investiram em treinamento para melhoria da qualidade e em Engenharia / Tecnologia de Software, havendo o registro dos valores investidos por mais de 70%, o que permitiu a obtenção dos valores médios anuais de R$ 76 mil e R$ 83 mil por empresa, respectivamente. (vide Tabela 18 e Gráfico I.08)
Ao final de 1998, haviam mais de 20 mil profissionais envolvidos com desenvolvimento e manutenção de software, com uma distribuição tal que mais de metade das empresas pesquisadas ocupavam entre 1 e 10 profissionais em tais atividades (vide Tabela 19); quase 19 mil profissionais envolvidos em atividades de pesquisa e desenvolvimento - P&D concentrados na mesma faixa também em mais de metade das empresas (vide Tabela 20) e quase 6.500 em marketing e vendas concentrados em faixa mais estreita de 1 a 5 profissionais em quase 2/3 das empresas. (vide Tabela 21)
A prática da terceirização de serviços por parte das empresas, relativos às áreas de atuação explicitadas no parágrafo anterior, é tratada nesta publicação no bloco "Gestão Empresarial".
A jornada de trabalho para os profissionais de desenvolvimento de software é flexível para todos da equipe em mais de metade das empresas e em quase 30% para alguns da equipe. (vide Tabela 22 e Gráfico I.09)
A participação dos empregados na solução de problemas era promovida, basicamente, de maneira formal, com a realização de reuniões de trabalho em mais de 75% das empresas. Outras formas de participação foram assinaladas por um número menor de empresas - procedimentos informais (39%), manutenção de programas de sugestões e formação de times, equipes ou círculos de controle da qualidade - CCQ (21%, cada). (vide Tabela 23 e Gráfico I.10)
A avaliação de desempenho dos funcionários era feita de maneira formal em menos de um terço das empresas, quer seja sistemática ou eventualmente (vide Tabela 24), enquanto uma parcela ainda menor realizava pesquisas de satisfação junto aos mesmos. (vide Tabela 25)
Fechando este bloco dedicado à gestão do conhecimento e entrando em questão da prática da gestão empresarial, registrou-se que quase metade das empresas adotava alguma forma de distribuição de resultados para seus funcionários, como participação nos lucros, participação nos resultados ou nas vendas, comissões ou prêmios. (vide Tabela 26)