Desde 1993, a evolução da qualidade nas empresas de software no Brasil vem sendo acompanhada a partir de pesquisas diretas conduzidas a cada dois anos pela Secretaria de Política de Informática e Automação do Ministério da Ciência e Tecnologia, no âmbito do Subcomitê Setorial da Qualidade e Produtividade em Software, do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade – SSQP/SW-PBQP.
A população alvo definida para a pesquisa "Qualidade e Produtividade no Setor de Software Brasileiro" é constituída pelas empresas desenvolvedoras de software, quer seja software pacote para comercialização – packaged software ou software sob encomenda para terceiros – custom software, quer seja software embarcado – bundled, embedded software ou software para Internet – Internet software, além das empresas distribuidoras ou editoras de software de terceiros.
A metodologia de pesquisa utilizada foi a amostragem, a partir de distribuição feita pelas entidades de classe do setor de informática a seus associados, convidados a participar espontaneamente, não tendo sido definido a priori o tamanho de amostra desejado.
Como nas três edições anteriores, o trabalho de campo ficou a cargo da Sociedade SOFTEX, Associação Brasileira de Empresas Estaduais de Processamento de Dados - ABEP, Associação Brasileira das Empresas de Software - ABES, Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - ABINEE, Associação das Empresas Brasileiras de Software e Serviços de Informática - ASSESPRO e Sociedade dos Usuários de Informática e Telecomunicações – SUCESU, que cuidaram da distribuição e captação dos formulários de coleta de seus associados.
Adicionalmente, nesta quarta edição, o material necessário à participação esteve disponível na página web da SEPIN na Internet durante todo o período de realização da pesquisa, iniciado em maio e encerrado em novembro de 1999, após prorrogação concedida por solicitação de algumas associações e de um significativo número de empresas. A captura pôde ser feita a partir de procedimento de download realizado de maneira transparente para o futuro respondente.
Os resultados apresentados nesta publicação estão baseados em uma amostra efetiva de 446 empresas, cujos dados preenchidos em formulário próprio foram enviados, em mídia impressa ou pela Internet, à Secretaria de Política de Informática e Automação – SEPIN, que efetuou a crítica e consistência utilizando estrutura própria criada em banco de dados, cujas bases foram posteriormente importadas para permitir processamento em software estatístico.
Os recursos para remuneração do trabalho de digitação dos dados vêm sendo providos pelo Centro de Tecnologia de Software – TECSOFT de Brasília, nas últimas edições da pesquisa.
Encerrado o processo de coleta, pôde-se calcular o erro amostral associado ao tamanho da amostra efetivamente alcançada, considerando uma população estimada de 2.500 empresas atuantes no mercado nacional.
De acordo com a teoria estatística, para determinar o tamanho de amostras probabilísticas, há considerações a serem feitas, preliminarmente, quanto ao tamanho da população - infinita ou finita, e, também, quanto aos objetivos básicos da amostragem - estimação da média ou estimação da proporção.
Assim, a fórmula utilizada para determinação do tamanho de uma amostra probabilística, no caso de populações finitas como a da presente pesquisa, é dada por:

onde:
n é o número de elementos da amostra (tamanho da amostra);
N é o número de elementos da população (tamanho da população);
d , o erro tolerável da amostra (precisão da amostra);
Z£ , valor da abscissa da curva normal padrão ou t-Student associada ao nível de significância £ fixado;
S, desvio padrão obtido de uma amostra piloto (estimador do desvio padrão da população), consequentemente,
S2, variância obtida de uma amostra piloto (estimador da variância da população).
Então, com um tamanho de amostra igual a 446 e uma população de 2.500 empresas, para um nível de significância pré-fixado de 5%, o que corresponde a um nível de confiabilidade de 95% sobre os resultados da pesquisa, admitindo-se que a variância de variável de interesse é desconhecida (embora já existam estimativas disponíveis provenientes da própria pesquisa), o que maximiza o tamanho da amostra, o erro máximo ou precisão da presente amostra é de 4,2%.
O instrumento de coleta utilizado foi um formulário estruturado não disfarçado, composto por questões fechadas de opção única, questões fechadas de opção múltipla, questões escalares e algumas poucas questões nominais abertas, utilizadas para permitir a especificação de categorias não explicitadas. O modelo deste formulário encontra-se no
Anexo 1.
O glossário de termos da qualidade, apresentado no
Anexo 2 e já disponível em edições passadas, foi inteiramente revisado e ampliado, após competente contribuição de técnicos da Área de Tecnologia para Avaliação de Qualidade de Software do Centro Tecnológico para Informática - ATAQS/CTI, fundação integrante da estrutura do próprio MCT, da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação CPqD, da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPE/UFRJ e da Companhia de Informática do Paraná - CELEPAR.
O endereçamento completo das organizações, colaboradoras em alguma das fases deste trabalho de parceria, encontra-se disponível no
Anexo 7.
O conjunto levantado e, consequentemente, os indicadores acompanhados referem-se primordialmente a questões sobre sistemas da qualidade, qualidade dos processos de software, qualidade dos produtos de software, gestão da força de trabalho, relacionamento com o mercado e procedimentos específicos para qualidade em software, além da caracterização das empresas e do software desenvolvido no Brasil.
Além das informações sobre qualidade de software, obtidas nas pesquisas realizadas em 1993, 1995 e 1997, foram incluídas na última pesquisa questões sobre métodos utilizados para medir a produtividade dos processos de software, baseados em métricas – linhas de código (LOC) e pontos por função (function point).
Tal inclusão reflete a consideração de que a palavra "produtividade" vem sendo muito usada atualmente porém, muitas vezes, aplicada de maneira restrita. Cientes de que para se entender e poder utilizar dados relacionados a "produtividade" são necessários indicadores que demonstrem seu resultado de forma quantitativa, a pesquisa "Qualidade no Setor de Software Brasileiro" foi ampliada para "Qualidade e Produtividade no Setor de Software Brasileiro" de modo a possibilitar a obtenção de novos indicadores do setor.
Adicionalmente à expansão do escopo da pesquisa, no mesmo ano de 1999, realizou-se outro trabalho de pesquisa – "Produtividade Sistêmica no Setor de Software Brasileiro", cujos resultados são apresentados na Parte II desta publicação.
Para efeito de apresentação, os resultados da qualidade foram agrupados em quatro grandes categorias – Caracterização da Organização, Gestão do Conhecimento, Gestão Empresarial e Processo de Software. O quadro I.1 apresenta a seguir o conteúdo da pesquisa de acordo com a estrutura aqui proposta.
Convenção utilizada nas tabelas:
... dado não disponíveldado não disponível
- não existe o dado / zeronão existe o dado / zero
0,0 existe o dado, mas seu valor é inferior ao permitido na precisão adotada existe o dado, mas seu valor é inferior ao permitido na precisão adotada
x dado omitido para evitar a individualização das informações ou por falta de representatividadedado omitido para evitar a individualização das informações ou por falta de representatividade
Precisão adotada para exibição de percentuais:
Nas tabelas, uma casa decimal.
dado não disponívelnão existe o dado / zeroexiste o dado, mas seu valor é inferior ao permitido na precisão adotada dado omitido para evitar a individualização das informações ou por falta de representatividade
Tal precisão pode implicar em resultados iguais a 99,9% ou 100,1% quando somados os percentuais parciais para uma mesma variável.
Nos gráficos, nenhuma casa decimal.
Tal precisão pode implicar em resultados iguais a 99% ou 101% quando somados os percentuais parciais para uma mesma variável.
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Categorias
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Principais Itens
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Caracterização da Organização |
Atividades em Tecnologia da Informação |
Atividades no tratamento de software |
Origem do capital majoritário |
Localização geográfica e Idade da empresa |
Porte segundo a força de trabalho |
Porte segundo a comercialização |
Tipos de produtos desenvolvidos |
Gestão do Conhecimento |
Qualificação profissional da força de trabalho |
Promoção da atualização profissional |
Capacitação da força de trabalho |
Áreas de atuação (atividades desenvolvidas) |
Gestão da Força de Trabalho
Métodos para apoiar a participação Avaliação de desempenho Pesquisas de satisfação Flexibilidade na jornada de trabalho
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Gestão Empresarial |
Planejamento estratégico |
Metas ou diretrizes para a qualidade |
Indicadores e custos da qualidade |
Programas e sistemas da Qualidade |
Qualidade de Processos
Certificação ISO 9000 CMM, SPICE, ISO/IEC 12207
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Qualidade de Produtos ISO/IEC 9126, ISO/IEC12119 Avaliação de produtos baseada em normas |
Relacionamento com os Clientes
Pesquisas de expectativa e de satisfação Estruturas de atendimento Uso de dados na revisão ou especificação de novos produtos e serviços
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Terceirização de Serviços |
Processo de Software |
Engenharia de Software
Métodos para prevenção de defeitos Métodos para detecção de defeitos
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Ferramentas de desenvolvimento |
Uso de métricas |
Documentação |
Quadro I.1 - Estrutura e Conteúdo da Pesquisa da Qualidade